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"Terror psicológico" lembra 64, diz petista
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA
Fundador do PT e consultor do
governo para questões agrárias, o
ex-deputado Plínio de Arruda
Sampaio afirma que o atual clima
de conflitos no campo é um "filme" que "já foi visto em 63 e 64".
Segundo ele, o fato de os movimentos sociais estarem representados no governo Lula não significa que possam deixar de se mobilizar. "Os conservadores dizem
que o tempo da reforma agrária já
passou, mas basta mexer no assunto para que eles se ericem todos. Esse filme já foi visto em 63 e
64, antes do golpe [militar], e em
84, quando se voltou a discutir a
superação da etapa colonial no
campo", disse ontem, em entrevista por telefone à Agência Folha.
Para ele, existem uma "propaganda" e um "terrorismo psicológico para assustar a classe média"
originados nos setores conservadores da sociedade. O ex-deputado prevê períodos de "turbulências, apesar de Lula ter declarado
que quer uma reforma agrária pacífica e dentro da lei".
Arruda Sampaio é integrante da
Coordenação dos Movimentos
Sociais, um órgão formado na semana passada, em São Paulo.
Participam dessa coordenação
entidades como MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra), CUT (Central Única dos
Trabalhadores), Federação Nacional dos Advogados, Confederação Nacional dos Profissionais
Liberais, CPT (Comissão Pastoral
da Terra), MTST (Movimento
dos Trabalhadores Sem Teto),
Marcha Mundial das Mulheres e
entidades estudantis.
O objetivo da coordenação é
impor uma agenda social ao governo Lula. É consenso entre as
entidades participantes que uma
disputa entre os que querem mudanças e os setores conservadores
irá permear o governo petista.
"A luta por trabalho, moradia e
terra irá fazer parte das campanhas neste segundo semestre",
afirma Ricardo Gebrin, 44, presidente do Sindicato dos Advogados do Estado de São Paulo e um
dos organizadores da Coordenação dos Movimentos Sociais.
Gilmar Mauro, 36, da coordenação nacional do MST, diz que o
ponto positivo "da disputa entre
os que querem mudança e os que
querem a continuação do modelo
neoliberal é a construção da unidade entre os movimentos".
Dom Tomás Balduíno, 80, presidente nacional da CPT, acredita
que a coordenação vai agir para
manter o espaço das organizações populares no governo Lula.
"É uma forma de ajudar o Lula
nessa contradição que está aí, que
agrava a apartação social em um
país subalterno ao mercado, via
Banco Mundial e Organização
Mundial do Comércio."
(JOSÉ MASCHIO)
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