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São Paulo, quinta-feira, 31 de julho de 2003

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"Terror psicológico" lembra 64, diz petista

DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA

Fundador do PT e consultor do governo para questões agrárias, o ex-deputado Plínio de Arruda Sampaio afirma que o atual clima de conflitos no campo é um "filme" que "já foi visto em 63 e 64".
Segundo ele, o fato de os movimentos sociais estarem representados no governo Lula não significa que possam deixar de se mobilizar. "Os conservadores dizem que o tempo da reforma agrária já passou, mas basta mexer no assunto para que eles se ericem todos. Esse filme já foi visto em 63 e 64, antes do golpe [militar], e em 84, quando se voltou a discutir a superação da etapa colonial no campo", disse ontem, em entrevista por telefone à Agência Folha.
Para ele, existem uma "propaganda" e um "terrorismo psicológico para assustar a classe média" originados nos setores conservadores da sociedade. O ex-deputado prevê períodos de "turbulências, apesar de Lula ter declarado que quer uma reforma agrária pacífica e dentro da lei".
Arruda Sampaio é integrante da Coordenação dos Movimentos Sociais, um órgão formado na semana passada, em São Paulo.
Participam dessa coordenação entidades como MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), CUT (Central Única dos Trabalhadores), Federação Nacional dos Advogados, Confederação Nacional dos Profissionais Liberais, CPT (Comissão Pastoral da Terra), MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), Marcha Mundial das Mulheres e entidades estudantis.
O objetivo da coordenação é impor uma agenda social ao governo Lula. É consenso entre as entidades participantes que uma disputa entre os que querem mudanças e os setores conservadores irá permear o governo petista.
"A luta por trabalho, moradia e terra irá fazer parte das campanhas neste segundo semestre", afirma Ricardo Gebrin, 44, presidente do Sindicato dos Advogados do Estado de São Paulo e um dos organizadores da Coordenação dos Movimentos Sociais.
Gilmar Mauro, 36, da coordenação nacional do MST, diz que o ponto positivo "da disputa entre os que querem mudança e os que querem a continuação do modelo neoliberal é a construção da unidade entre os movimentos".
Dom Tomás Balduíno, 80, presidente nacional da CPT, acredita que a coordenação vai agir para manter o espaço das organizações populares no governo Lula. "É uma forma de ajudar o Lula nessa contradição que está aí, que agrava a apartação social em um país subalterno ao mercado, via Banco Mundial e Organização Mundial do Comércio."
(JOSÉ MASCHIO)


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