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Ex-estatal argentina
teve quadro cortado
AUGUSTO GAZIR
de Buenos Aires
As empresas que compraram a
Entel (antiga estatal de telecomunicações da Argentina), incluindo
a Telefónica de España, reduziram
pela metade o número de funcionários de 1990 (ano da privatização) até agora.
Com a venda, a Entel foi dividida
em duas partes. O consórcio liderado pela Telefónica da España
comprou uma metade. A outra fatia ficou com a France Telecom e a
italiana Stet.
Quando privatizada, a Entel tinha cerca de 40 mil funcionários.
Por intermédio de programa de
demissões voluntárias, ainda em
vigor, as empresas compradoras
reduziram até agora o número de
empregados para cerca de 21 mil.
Motivos
Segundo as assessorias de imprensa dos consórcios privados, o
enxugamento visou dar mais eficiência ao negócio. Foram desligados empregados que não tinham
treinamento para trabalhar com
as novas tecnologias do mercado.
O programa de demissões voluntárias, que pagou até 50% a
mais do que os trabalhadores tinham direito por lei, é criticado
pelo sindicato do setor.
"Houve pressão psicológica. Ou
os funcionários deixavam o trabalho voluntariamente, ou seriam
demitidos mais tarde. Esse era o
discurso das empresas", afirmou
Osvaldo Iadarola, dirigente em
Buenos Aires da Foetra (sigla em
espanhol para a federação dos trabalhadores em telecomunicações).
Segundo ele, boa parte dos funcionários que aderiram ao programa de demissões voluntárias estão
hoje subempregados ou foram terceirizados pelas próprios consórcios privados.
"Com o desemprego que temos
na Argentina (13,2%), é quase impossível um trabalhador de 30 ou
40 anos conseguir um emprego
normal", disse Iadarola.
Ele afirmou que o sindicato registrou casos de suicídio e infartos
entre ex-funcionários da empresa
de telefonia argentina.
De acordo com a assessoria de
imprensa da Telefónica de España, o programa de demissão voluntária foi fechado na época com
o sindicato do setor, e o mercado
de telecomunicações cresceu na
Argentina depois da privatização,
já que atraiu investimentos de outras empresas.
Os consórcios trouxeram técnicos dos países de origem para
exercer funções administrativas
na Argentina. Mas esse fato, segundo as empresas, não prejudicou os profissionais argentinos.
"Os funcionários estrangeiros
também tiraram nosso lugar, mas
isso não foi tão determinante como o programa de demissões",
disse Iadarola.
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