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Reale Jr. diz que medo move Severino
FLÁVIA MARREIRO
DA REPORTAGEM LOCAL
O ex-ministro da Justiça Miguel
Reale Júnior insinuou que o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti, propôs abrandar a punição
a envolvidos no escândalo do
"mensalão" por que está com medo de que os desdobramentos da
crise possam atingi-lo:
"De que tem medo Severino? O
presidente de uma Casa, onde
funcionam três CPIs voltadas para uma questão, se antecipar com
uma sentença, uma apreciação, é
absolutamente incompatível... Só
pode ser movido a medo. De que
e de quem tem medo Severino?"
O professor de direito penal da
USP afirmou que há "provas indiciárias consistentes" da existência
do esquema de mesadas a parlamentares, negado por Severino.
Disse ainda que a confissão de uso
de caixa dois por parlamentares já
configura quebra de decoro e,
portanto, deve gerar cassação.
""Mensalão" não quer dizer remuneração mensal. Se cruzar datas
de saques e votações, há uma absoluta coincidência. A prova indiciária é bastante consistente."
Segundo Reale Jr., há "indubitavelmente um espírito corporativo" na Câmara, o que contribui
para criar uma atmosfera de impunidade. "Para fatos delituosos
graves como esses propor pena
como a censura é uma desproporção tão grande que tem de se lembrar que se trata de um deputado,
alguém com responsabilidade política e pública."
Um dos autores do pedido de
impeachment do ex-presidente
Fernando Collor de Mello em
1992, Reale Jr. diz que há embasamento técnico para fazer o mesmo com o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, embora seja prematuro fazê-lo antes do término das
CPIs. "Como fiz a petição em
1992, posso dizer: tem dois fatos
que poderiam eventualmente fazer o enquadramento técnico. O
primeiro é a improbidade administrativa, uma das figuras do crime de responsabilidade. Tudo
que acontecia no 4º andar [do Planalto] era desconhecido? Mesmo
com os dados que o presidente foi
alertado por diversas pessoas?"
O segundo fato que embasaria
um pedido, explica, é "o Executivo subornar o Legislativo": "A
pergunta é até onde o presidente
sabia? O problema não é esse enquadramento, é político".
O processo de Collor só surgiu
com o término da CPI. É prematuro antes do término das CPIs dizer alguma coisa que se relacione
diretamente com Lula."
Hoje, em São Paulo, ele participa do lançamento do documento
"Da indignação à ação", com o
apoio de entidades como a OAB
(Ordem dos Advogados do Brasil) e a Comissão Brasileira de Justiça e Paz da CNBB (Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil). O
movimento exigirá punição e reforma política.
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