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RUMO A 2002
Líderes afirmam que preferem aliança, mas já cogitam uma pequena coalizão e
mandam recado às legendas de oposição, afirmando ter "força política" para sair isoladamente
PT já fala em disputar sozinho sucessão
SÍLVIA CORRÊA
FÁBIO ZANINI
DA REPORTAGEM LOCAL
Embalado pela inegável vitória
nas eleições municipais, o PT já
admite que pode se lançar sozinho à disputa presidencial.
Cautelosos, os líderes petistas
afirmam que não é isso o que o
partido quer, mas lançam abertamente essa possibilidade, cogitando também o cenário com
uma "coalizão que não é ampla".
"O PT prefere fazer alianças,
construir uma coalizão, mas precisamos deixar claro que temos
força política para disputar sozinhos em 2002", disse ontem o deputado federal José Dirceu, presidente nacional da legenda, em
uma entrevista convocada pelo
partido para avaliar seu desempenho nas eleições municipais.
Para Dirceu, "as eleições municipais mostram que o eleitorado
tendo para o centro-esquerda", o
que credencia o PT.
"Nós vamos construir uma candidatura e apresentá-la para todos os partidos de oposição. Mas
vocês sabem que o Itamar (Franco) diz que é candidato. O Ciro
(Gomes) diz que é candidato. O
(Miguel) Arraes e o (Leonel) Brizola estão se movimentando publicamente para apoiar o Itamar.
Nós também estamos nos preparando para disputar a eleição com
um candidato nosso e com uma
coalizão que não é ampla", continuou Dirceu, afirmando que o PT
pode apoiar o candidato de uma
frente, mas não de um partido.
O PT é considerado até pelos
adversários como o grande vitorioso das eleições municipais.
Venceu em 13 das 16 cidades em
que disputou o segundo turno e
governará 17 dos 62 principais
municípios do país (leia à pág. 2).
Para Luiz Inácio Lula da Silva, a
"vitória sobre os coronéis foi saborosa". "É delicioso saber que
eles gastaram tanto dinheiro para
perder por tão pouco", afirmou.
É a Lula que os líderes petistas
dedicam o êxito da legenda, definindo-o como o "primeiro militante da campanha". Mas todos
fazem mistério sobre o nome que
lançarão para 2002, o que deve ser
definido só em março de 2001.
"Eu já disse e repito que o Lula é
quem tem mais apoio popular.
Mas depende do quadro eleitoral.
Temos outras lideranças. (Eduardo) Suplicy, (José) Genoino,
(Aloizio) Mercadante, (Cristovam) Buarque, Olívio Dutra", disse Dirceu, descartando Tarso
Genro e Marta Suplicy, "que têm
compromissos até 2004".
O governador de Minas Gerais,
Itamar Franco (sem partido), e lideranças nacionais do PSB divulgaram nota ontem afirmando que
pretendem "construir" um projeto político comum que inclui "o
lançamento de candidatura à Presidência da República".
Lula, por sua vez, diz que vai se
submeter ao partido, "que não
tem cacique, mas índios". "Se eu
dissesse que queria disputar dentro do PT, seria uma coisa muito
natural, porque eu fui candidato
quando o PT era muito menor",
afirmou. "Mas o PT não nasceu
para que o Lula fosse candidato a
vida inteira. Terminei as eleições
de 98 dizendo que, se dependesse
da minha vontade, eu não gostaria de ser candidato. Mas não sou
um político avulso, sou partidário. Se nos momentos difíceis eu
fui candidato, no momento bom,
também poderia ser. Mas não é isso que me move", continuou.
Os petistas procuraram ontem
federalizar o resultado das eleições municipais, afirmando que
elas mostram uma rejeição à política do presidente FHC.
"O PT não é um partido de oposição? Não foi caracterizado claramente pelos adversários? Dizer
que a eleição municipal não expressa uma reprovação ao governo é desconsiderar o que aconteceu. Não há dúvida de que houve
um voto contra o governo FHC,
contra a insensibilidade que preside o país", disse José Dirceu.
No balanço e nas previsões de
futuro, o PT minimizou a influência nacional do ex-ministro Ciro
Gomes (PPS) e rebateu as críticas
que ele fez à legenda, afirmando
que o PT não tem programa.
"É mais retórica do que realidade o que o Ciro diz. Não é o programa que ele gostaria, isso sim.
Ele deveria fazer uma crítica política ao programa do PT", disparou o presidente petista.
"Eu tenho dito que é importante
inclusive conversarmos com o
PPS. Mas me preocupo quando
vocês falam: "Vocês vão conversar
com o Ciro?". Menos com o Ciro e
mais com o PPS. Nós somos um
partido e queremos conversar
com o partido. Não é de pessoa
para pessoa", continuou Lula.
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