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PT vai comandar mais de R$ 20 bi
RAYMUNDO COSTA
DO PAINEL, EM BRASÍLIA
O pedaço do país que o PT vai
comandar nas 187 prefeituras que
conquistou nas eleições tem um
Orçamento estimado em mais de
R$ 20 bilhões, um quarto do total
a ser gerenciado no primeiro ano
das futuras administrações.
Mas as seis capitais que o partido vai administrar a partir de janeiro de 2001 devem R$ 16, 2 bilhões, o que equivale a 52,3% do
total da dívida dos municípios.
O poder econômico do PT chamou a atenção da comunidade financeira internacional. Na semana passada, executivos da agência
de classificação de risco Standard
& Poor's (S&P) e do banco de investimentos Merrill Lynch passaram por Brasília e tentaram uma
conversa com o líder do PT na Câmara, Aloizio Mercadante (SP),
adiado devido aos compromissos
eleitorais de Mercadante.
O interesse dos executivos da
S&P e da Merrill Lynch convergem para três aspectos básicos:
1 - O avanço das esquerdas nas
eleições municipais tem relação
com a eleição presidencial?
2 - Se ganhar a eleição presidencial, o PT mantém o programa de
estabilidade fiscal?
3 - O PT vai dar calote nas dívidas interna e externa?
A curiosidade dos investidores
tem motivos. Em 18 dos 187 municípios estão concentrados
23,19% do PIB (Produto Interno
Bruto) brasileiro, que a Secretaria
para Assuntos Fiscais do BNDES
calcula em torno de R$ 245,8 bilhões. Nesses 18 municípios moram 20,5 milhões de brasileiros,
ou 13,11% da população. Nas 20
maiores cidades, o Orçamento
previsto para 2001 soma R$ 15,2
bilhões. É maior que o de Estados
como Minas Gerais e Paraná.
O poder de fogo eleitoral do PT
aumentou substancialmente, não
só pelo número de votos que colheu nos principais colégios eleitorais do país. A sigla também ganhou poder de mídia. Em São
Paulo, a verba de publicidade prevista para este ano é de R$ 8 milhões. E ampliou suas relações
com o mundo empresarial. Agora
será mais fácil que antes encontrar financiadores para as campanhas de presidente, governador e
deputado em 2002. Já na atual
campanha, o Planalto identificou
que houve um aumento no volume de doações eleitorais ao PT.
Ao estabelecer cabeças-de-ponte em todas as regiões, o PT pode
repetir em 2002 o que o PMDB fez
em 1984/1985: foram os governadores eleitos em Estados-chave
em 1982 que alavancaram a campanha das diretas já e, na sequência, a vitória de Tancredo Neves
no Colégio Eleitoral.
No Planalto, contabiliza-se também uma outra fonte de poder
para alavancar candidaturas que
o PT disporá em 2002: os fundos
de pensão sobre os quais ele tem
influência. Um dos principais
bancos de investimentos do país
estima que o PT exerça atualmente influência sobre 90 fundos de
pensão.
É um poder e tanto. Mas só os
próximos dois anos de administração petista nos principais centros formadores de opinião do
país dirá se será suficiente para tomar o Planalto em 2002.
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