São Paulo, terça-feira, 31 de outubro de 2000

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PT vai comandar mais de R$ 20 bi

RAYMUNDO COSTA
DO PAINEL, EM BRASÍLIA

O pedaço do país que o PT vai comandar nas 187 prefeituras que conquistou nas eleições tem um Orçamento estimado em mais de R$ 20 bilhões, um quarto do total a ser gerenciado no primeiro ano das futuras administrações.
Mas as seis capitais que o partido vai administrar a partir de janeiro de 2001 devem R$ 16, 2 bilhões, o que equivale a 52,3% do total da dívida dos municípios.
O poder econômico do PT chamou a atenção da comunidade financeira internacional. Na semana passada, executivos da agência de classificação de risco Standard & Poor's (S&P) e do banco de investimentos Merrill Lynch passaram por Brasília e tentaram uma conversa com o líder do PT na Câmara, Aloizio Mercadante (SP), adiado devido aos compromissos eleitorais de Mercadante.
O interesse dos executivos da S&P e da Merrill Lynch convergem para três aspectos básicos:
1 - O avanço das esquerdas nas eleições municipais tem relação com a eleição presidencial?
2 - Se ganhar a eleição presidencial, o PT mantém o programa de estabilidade fiscal?
3 - O PT vai dar calote nas dívidas interna e externa?
A curiosidade dos investidores tem motivos. Em 18 dos 187 municípios estão concentrados 23,19% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro, que a Secretaria para Assuntos Fiscais do BNDES calcula em torno de R$ 245,8 bilhões. Nesses 18 municípios moram 20,5 milhões de brasileiros, ou 13,11% da população. Nas 20 maiores cidades, o Orçamento previsto para 2001 soma R$ 15,2 bilhões. É maior que o de Estados como Minas Gerais e Paraná.
O poder de fogo eleitoral do PT aumentou substancialmente, não só pelo número de votos que colheu nos principais colégios eleitorais do país. A sigla também ganhou poder de mídia. Em São Paulo, a verba de publicidade prevista para este ano é de R$ 8 milhões. E ampliou suas relações com o mundo empresarial. Agora será mais fácil que antes encontrar financiadores para as campanhas de presidente, governador e deputado em 2002. Já na atual campanha, o Planalto identificou que houve um aumento no volume de doações eleitorais ao PT.
Ao estabelecer cabeças-de-ponte em todas as regiões, o PT pode repetir em 2002 o que o PMDB fez em 1984/1985: foram os governadores eleitos em Estados-chave em 1982 que alavancaram a campanha das diretas já e, na sequência, a vitória de Tancredo Neves no Colégio Eleitoral.
No Planalto, contabiliza-se também uma outra fonte de poder para alavancar candidaturas que o PT disporá em 2002: os fundos de pensão sobre os quais ele tem influência. Um dos principais bancos de investimentos do país estima que o PT exerça atualmente influência sobre 90 fundos de pensão.
É um poder e tanto. Mas só os próximos dois anos de administração petista nos principais centros formadores de opinião do país dirá se será suficiente para tomar o Planalto em 2002.



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