São Paulo, terça-feira, 31 de outubro de 2000

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CÂMARA
Bloco contrário deve crescer
PSDB será oposição ao governo de Marta

CHICO DE GOIS
DA REPORTAGEM LOCAL

A prefeita eleita Marta Suplicy (PT) ainda nem assumiu, mas a oposição a seu governo já começa a se articular e deve ampliar seu poder. O PSDB, que elegeu uma bancada de oito vereadores, vai se posicionar contra Marta. E o PTB, com uma bancada de três, poderá ganhar o reforço de mais dois parlamentares que sairiam de partidos que, teoricamente, apoiariam a petista na Câmara -caso do PSB e PPS.
Na noite de domingo, logo depois de conhecer o resultado da eleição, o governador Mário Covas (PSDB) defendeu que seu partido faça oposição ao PT "como eles (os petistas) fazem na Assembléia ao governo do Estado". Covas afirmou que essa definição é "um posicionamento político".
Ontem, o presidente do diretório municipal do PSDB, João Câmara, disse à Folha que a legenda fará oposição "à dona Marta e ao PT". Câmara criticou o tipo de oposição realizada pelo PT na Assembléia Legislativa. "Às vezes, eles são inconsequentes."
O presidente do diretório tucano também descartou qualquer possibilidade de seu partido integrar o governo petista. "Isso é impossível." E aproveitou para fazer cobranças. "Quero ver se a dona Marta vai acabar com o desemprego e as pichações."
A predisposição de fazer oposição ao PT já vem sendo discutida no PSDB com mais empenho pelo menos há uma semana. Na terça-feira da semana passada, o governador reuniu a bancada eleita e os atuais vereadores em um almoço no Palácio dos Bandeirantes. Além dos parlamentares paulistanos, estavam presentes apenas o próprio governador e Sebastião Farias, assessor direto de Covas.
Segundo um vereador que participou do encontro, e que não quis se identificar, Covas disse que não dava para somar com o PT. Os motivos já eram conhecidos: o partido faz oposição a seu governo e ao presidente Fernando Henrique Cardoso e, além disso, ao apoiarem o PT, os tucanos poderiam ajudar o partido a se fortalecer ainda mais para as eleições de 2002.
O PTB, que fará oposição a Marta, também poderá ganhar mais dois vereadores. A bancada do partido no próximo ano terá três membros, mas há uma articulação para que os vereadores Antonio Lauro Campanha (PSB) e Raul Cortez (PPS) deixem seus partidos e se filiem ao PTB.
Os dois foram eleitos com apoio da Força Sindical. O presidente da Força, Paulo Pereira da Silva, é vice-presidente nacional do PTB para assuntos sindicais. Os dois vereadores, no entanto, negaram que pretendam trocar de legenda.
O líder do PT na Câmara, José Eduardo Martins Cardozo, afirmou que seu partido sabe que o PSDB fará oposição, mas acredita que é possível "ter um entendimento para a eleição da mesa diretora e em relação a projetos que sejam de interesse da cidade".



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