|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Homicídios em Campinas crescem 154% em dez anos
FREE-LANCE PARA A FOLHA CAMPINAS
O número de homicídios registrados em Campinas cresceu
154,7% em dez anos, segundo balanço divulgado na semana passada pela Polícia Civil.
A polícia fechou o relatório de
crimes ocorridos no ano passado,
que registra a ocorrência de 517
assassinatos no município, contra
203 em 1990.
A média mensal de assassinatos
ocorridos em 1990 foi de 16,9.
No ano passado, essa média
chegou a 43 casos por mês.
Em 1999, o número de crimes
registrados na cidade foi de 498, o
que significa um índice 3,67%
menor que o verificado em 2000.
O mês mais violento do ano de
2000 foi março, quando foram registrados pela polícia 50 casos de
homicídios.
O mês de menor incidência de
crimes foi dezembro, com 26 assassinatos.
Na última década, o crescimento populacional de Campinas foi
de 13,8%. Nesse período, o número de moradores da cidade passou
de 847,5 mil, em 1990, para 967
mil, em 2000, segundo o IBGE
(Fundação Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística).
Proporcionalmente ao número
de habitantes, a média de assassinatos, em 2000, foi de 53 casos para cada grupo de 100 mil moradores do município, número considerado alarmante pelas autoridades policiais.
O delegado Osvaldo Diez Júnior, da Delegacia de Homicídios
de Campinas, atribuiu o elevado
crescimento da violência ao aumento desproporcional da população de baixa renda na cidade
nos últimos dez anos.
"O problema da violência é algo
muito complexo, vinculado diretamente a questões sociais. É algo
que não depende apenas da ação
da polícia", afirmou.
Atualmente, são 156,648 mil
pessoas morando em condições
subumanas na cidade, segundo
dados levantados pela prefeitura
no ano passado.
Além destes problemas de natureza social, o delegado do setor de
homicídios afirmou que o assassinato acaba sendo um crime de difícil prevenção por parte da polícia. "Nunca se sabe onde um homicídio vai acontecer", disse.
O coordenador de pesquisas de
segurança pública do Instituto
Fernand Braudel, de São Paulo,
coronel José Vicente da Silva Filho, discorda de Diez Junior.
Segundo ele, o policiamento nas
grandes cidades só tem efeito se
for realizado de forma preventiva.
"Se fosse reforçado o policiamento nos locais onde ocorre um
grande índice de homicídios, esse
tipo de crime certamente começaria a ser coibido, por ser atacado
na sua raiz", afirmou o pesquisador.
Silva Filho também responsabilizou a polícia por parte da culpa
no aumento dos casos de homicídio na cidade.
Para o especialista, o aumento
da criminalidade em cidades como Campinas decorre da falta de
ação organizada da corporação
policial local.
Lei do silêncio
Se o aumento da violência é visto com preocupação pelas autoridades, para a população da cidade, principalmente na periferia,
ela já faz parte do cotidiano.
Segundo o segurança Flávio Lima, 28, morador do bairro São José, a região onde ele vive é dominada pela "lei do silêncio". "Estamos acostumados com a ocorrência de duas a três mortes no bairro
por semana. Mas a maioria tem
medo de denunciar", disse.
Para atacar o problema da violência, que aumenta a cada ano
em Campinas, o prefeito Antonio
da Costa Santos, o Toninho (PT),
afirmou que irá centralizar em
seu gabinete o comando da segurança.
Na primeira semana de governo, Toninho assumiu a chefia da
Guarda Municipal da cidade e
não nomeou nenhum secretário
para a pasta.
Ele afirmou que estará convocando o conselho de segurança da
cidade para escolher o melhor nome para assumir a secretaria. Cinco pessoas estariam sendo sondadas para o cargo.
O secretário da Segurança de
Campinas deverá ser anunciado
pelo prefeito ainda esta semana.
Texto Anterior: Mogi Guaçu inicia fase de testes no centro Próximo Texto: Violência: 1º fim-de-semana do ano tem 8 homicídios Índice
|