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MERCADO
Dubar espera a liberação para colocar no mercado a marca Lautrec, após 66 anos sem produzir o absinto
Absinto volta a ser produzido em Jundiaí
RICARDO BRANDT
DA FOLHA CAMPINAS
A mística bebida absinto, liberada novamente para a venda no
Brasil em setembro passado, vai
voltar a ser produzida na cidade
de Jundiaí, após 66 anos.
A fábrica Dubar Indústria e Comércio de Bebidas Ltda., de Jundiaí (36 km de Campinas), espera
apenas a liberação dos selos de
qualidade para colocar no mercado o Lautrec, a marca da bebida.
Entre 1913 e 1935 o absinto foi
comercializado pela Dubar como
Aperitivo Suíço. O novo nome é
uma homenagem ao pintor Toulouse Lautrec, um dos bebedores
de absinto mais famosos da história, segundo um dos sócios da
empresa, Ruy Galvanni.
Mas é o forte apelo de mercado
que leva a imagem da bebida ser
vinculada a artistas. Foram famosos bebedores de absinto Rimbaud, Oscar Wilde, Ernest Hemingway, Degas, Van Gogh e Picasso.
A Dubar espera colocar o Lautrec no mercado antes do Carnaval. Deve ser a primeira produção
em grande escala do absinto nacional a um custo de -R$ 35.
A Dubar tem 29 mil litros de absinto armazenados em tonéis de
carvalho em Jundiaí esperando liberação para engarrafamento e
comercialização.
Proibido desde 1935, o absinto
voltou a ser liberado no mercado
brasileiro após ter que ser adaptado às normas de padrão do Ministério da Agricultura, que estipula
limite máximo de teor alcoólico
de 54%.
Atualmente existe apenas uma
empresa brasileira produzindo
em pequena escala a bebida no
Brasil, a Uniland, que fabrica e engarrafa em São Roque (SP), o absinto Camargo.
A maioria das garrafas de absinto à venda hoje no Brasil são importadas de Portugal e custam R$
75. O teor alcoólico do produto
importado é de 53,5%.
A Dubar trabalha há seis meses
para retomar sua linha de produção de absinto desativada desde
1935. A empresa também teve que
adequar a bebida. O Aperitivo
Suíço, vendido no início do século
passado, tinha 75% de teor alcoólico. O Lautrec, agora, possuiu
50% de graduação alcoólica. O
Brasil é o terceiro país do mundo
a permitir sua venda, ao lado de
Portugal e a República Tcheca.
A mística
Preparado com as folhas de
uma pequena erva aromática européia, de nome absinto, a bebida
foi proibida devido ao seu alto
teor alcoólico, o que lhe rendeu a
fama de alucinógeno. A erva também é conhecida como losna. A
erva foi usada pelos antepassados
europeus como chá, usado como
remédio na perda de apetite, na
digestão e outros.
Com a formulação de misturas
da erva do absinto com outras ervas desenvolveu-se a bebida absinto, que surgiu oficialmente na
Suíça em 1792.
A bebida, na época, era formulada com altas quantidades de seu
princípio ativo, a tuiona.
A substância, segundo estudos
científicos, bloqueia um receptor
que, em condições normais, inibe
a excitação das células do cérebro,
regulando o fluxo de íons (átomos com carga elétrica) de cloro.
Isso faz o efeito alucinógeno.
Na época em que a bebida era
consumida por poetas e artistas
plásticos, a concentração de tuiona era de até 200 ppm (partes por
milhão). Hoje o limite é de apenas
10 ppm.
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