Campinas, Domingo, 11 de Fevereiro de 2001

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MERCADO
Dubar espera a liberação para colocar no mercado a marca Lautrec, após 66 anos sem produzir o absinto
Absinto volta a ser produzido em Jundiaí

RICARDO BRANDT
DA FOLHA CAMPINAS

A mística bebida absinto, liberada novamente para a venda no Brasil em setembro passado, vai voltar a ser produzida na cidade de Jundiaí, após 66 anos.
A fábrica Dubar Indústria e Comércio de Bebidas Ltda., de Jundiaí (36 km de Campinas), espera apenas a liberação dos selos de qualidade para colocar no mercado o Lautrec, a marca da bebida.
Entre 1913 e 1935 o absinto foi comercializado pela Dubar como Aperitivo Suíço. O novo nome é uma homenagem ao pintor Toulouse Lautrec, um dos bebedores de absinto mais famosos da história, segundo um dos sócios da empresa, Ruy Galvanni.
Mas é o forte apelo de mercado que leva a imagem da bebida ser vinculada a artistas. Foram famosos bebedores de absinto Rimbaud, Oscar Wilde, Ernest Hemingway, Degas, Van Gogh e Picasso.
A Dubar espera colocar o Lautrec no mercado antes do Carnaval. Deve ser a primeira produção em grande escala do absinto nacional a um custo de -R$ 35.
A Dubar tem 29 mil litros de absinto armazenados em tonéis de carvalho em Jundiaí esperando liberação para engarrafamento e comercialização.
Proibido desde 1935, o absinto voltou a ser liberado no mercado brasileiro após ter que ser adaptado às normas de padrão do Ministério da Agricultura, que estipula limite máximo de teor alcoólico de 54%.
Atualmente existe apenas uma empresa brasileira produzindo em pequena escala a bebida no Brasil, a Uniland, que fabrica e engarrafa em São Roque (SP), o absinto Camargo.
A maioria das garrafas de absinto à venda hoje no Brasil são importadas de Portugal e custam R$ 75. O teor alcoólico do produto importado é de 53,5%.
A Dubar trabalha há seis meses para retomar sua linha de produção de absinto desativada desde 1935. A empresa também teve que adequar a bebida. O Aperitivo Suíço, vendido no início do século passado, tinha 75% de teor alcoólico. O Lautrec, agora, possuiu 50% de graduação alcoólica. O Brasil é o terceiro país do mundo a permitir sua venda, ao lado de Portugal e a República Tcheca.

A mística
Preparado com as folhas de uma pequena erva aromática européia, de nome absinto, a bebida foi proibida devido ao seu alto teor alcoólico, o que lhe rendeu a fama de alucinógeno. A erva também é conhecida como losna. A erva foi usada pelos antepassados europeus como chá, usado como remédio na perda de apetite, na digestão e outros.
Com a formulação de misturas da erva do absinto com outras ervas desenvolveu-se a bebida absinto, que surgiu oficialmente na Suíça em 1792.
A bebida, na época, era formulada com altas quantidades de seu princípio ativo, a tuiona.
A substância, segundo estudos científicos, bloqueia um receptor que, em condições normais, inibe a excitação das células do cérebro, regulando o fluxo de íons (átomos com carga elétrica) de cloro. Isso faz o efeito alucinógeno.
Na época em que a bebida era consumida por poetas e artistas plásticos, a concentração de tuiona era de até 200 ppm (partes por milhão). Hoje o limite é de apenas 10 ppm.


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