Campinas, Domingo, 11 de abril de 1999 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice EDUCAÇÃO 2 Reitoria quer criar Câmara de Extensão para decidir sobre prestação de serviços para empresas e ONGs Entidades temem privatização maquiada
free-lance para a Folha Campinas A Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) deu partida nesta semana ao traçado de um novo estatuto interno, que pode abrir brechas ao que é considerado uma ameaça de "privatização maquiada" da universidade, segundo entidades que representam a comunidade acadêmica. A "ameaça" é vista na proposta da reitoria de criação da Câmara de Extensão, um órgão que centralizaria decisões sobre a atuação da universidade fora de seu espaço físico, incluindo prestação de serviços a empresas privadas e cursos de extensão pagos por alunos. O discurso da reitoria hoje é de que o órgão dinamizaria a atuação da universidade na sociedade externa. Ou seja, o órgão decidiria, por exemplo, a prestação de serviços da Unicamp, como assessoria remunerada, a empresas e ONGs. "A proposta é de o órgão ter poder deliberativo sobre captação de recursos externos, inclusive da iniciativa privada, mas sobretudo da atuação da universidade na sociedade externa", disse o geocientista Álvaro Penteado Crosta, assessor do gabinete do reitor. O sociólogo José Roberto Zan, presidente da Adunicamp (Associação dos Docentes da Unicamp), vê na aprovação do novo estatuto a possibilidade da abertura de brechas para a influência de empresas nas decisões da universidade. Ele defende a atuação do Fórum das Seis (entidade formada pelos grupos que representam professores e funcionários das universidades estaduais) na definição do orçamento. "As entidades devem pressionar o aumento do índice de repasse da arrecadação do ICMS, para evitar que a Unicamp seja forçada a se abrir à participação da iniciativa privada para cobrir seus gastos." A destinação hoje é de 9,57% do total do ICMS. A previsão do governo estadual é de fechar o primeiro quadrimestre de 99 com total de R$ 1.336.394 de arrecadação. O matemático José Vitório Zago, coordenador do STU (Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp), defende até o boicote dos funcionários às reuniões do Consu (Conselho Universitário), que deliberam sobre o novo estatuto. A medida também é defendida pelo DCE e pela Adunicamp. Para ele, a elaboração do estatuto é autoritária da forma como vem sendo feita. O sindicalista é defensor da instalação de um congresso formado paritariamente entre professores, funcionários e alunos para traçar novas condutas. Hoje a Unicamp tem duas câmaras e o Consu (Conselho Universitário). Juntos, os três órgãos funcionam como um "congresso". A proposta da reitoria é que as câmaras tomem decisões próprias que só serão submetidas ao Consu quando um terço de seus integrantes divergirem e recorrem da decisão da maioria simples. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice |
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