Campinas, Sábado, 14 de Julho de 2001

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CAMPINAS, 227 ANOS
Povoado surge durante o chamado período pombalino e fazia parte da estratégia de defesa portuguesa
Fundação ocorre no fim do período colonial

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Campinas foi fundada em 1774, no final do período colonial brasileiro, em uma fase em que Portugal era refém de uma intensa dependência econômica da Inglaterra.
Em Portugal, a fase é marcada também pelo final do período pombalino. Sebastião José de Carvalho e Mello, o Marquês de Pombal, foi ministro do rei dom José 1º de 1750 a 1777.
Ele se notabilizou por suas estratégias para reerguer Portugal da decadência em que o país se encontrava diante de outras potências européias e por expulsar os jesuítas de todas a colônias portuguesas, em 1759.
A fundação de povoados em toda a Capitania de São Paulo é resultado da política pombalina. O período antecede a vinda da família real ao Brasil.
Cada vez mais a Inglaterra pressionava a Coroa portuguesa a pagar seus débitos. A riqueza provenientes das colônias, principalmente o ouro brasileiro, era fundamental para patrocinar a revolução industrial inglesa, que estava sendo implementada.
A dependência econômica de Portugal com a Inglaterra tornava necessária uma ocupação acentuada de São Paulo.
A Capitania incluía desde o atual Estado de São Paulo até a bacia do rio Prata, na Argentina, e englobava o que é hoje todo o território do Uruguai.
Nessa etapa do período pombalino, foi designado como capitão-general de São Paulo dom Luís Antônio Botelho Mourão Morgado de Mateus, que viria a ser o "ator" principal da construção dessa obra de colonização.
Ele fundou 20 povoados, desde o sul do país, do atual município de Lajes, na divisa entre Santa Catarina e o Rio Grande do Sul, e também no litoral.
Campinas passa a fazer parte, no processo de escolha das localidade, de uma espécie de "colar" estratégico formado pelos povoados. A função das vilas e povoados era preservar as fronteiras brasileiras da possibilidade de invasão pela Espanha.
Um dos motivos da execução do plano era a proximidade do Rio de Janeiro, que antes da fundação de Campinas havia se tornado a capital brasileira, substituindo Salvador.
A política estratégica pombalina também é a responsável pela mudança da capital, de Salvador para o Rio de Janeiro. No mesmo período, os espanhóis ameaçavam ocupar o sul do Brasil.
A possibilidade de ocupação espanhola se deve ao estado de abandono econômico, político e militar da Capitania de São Paulo, como consequência perversa da aventura bandeirista.
Os bandeirantes paulistas saíram da região para encontrar o ouro em Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. Eles levavam famílias que não tinham interesse na Capitania paulista.
São Paulo não acompanhava o plano de ocupação territorial do Brasil e, não tendo abundância em minerais preciosos, só apresentava as condições econômicas exigidas pela Europa na etapa final da fase colonial.
Nessa fase, Portugal inicia a ocupação militar da região, mas era preciso assentar famílias e dar condição de vida a elas com um projeto de agricultura.
A produção econômica viável e que foi estimulada na época foi a cana-de-açúcar, que não era o objetivo dos bandeirantes paulistas, primeiros povoadores de Campinas, em busca do ouro de Minas e Goiás.
Com a fundação, Campinas é denominada Freguesia da Imaculada Conceição das Campinas do Mato Grosso de Jundiaí (Jundiaí era o município a que Campinas pertencia).
A expressão "mato grosso" é referência à mata atlântica e à Imaculada Conceição, a padroeira. Freguesia antecede politicamente a condição de vila e está no patamar inferior ao da cidade na nomenclatura colonial.
A fundação de Campinas remonta da primeira revolução industrial na Inglaterra, que tinha Portugal como aliado econômico.


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