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CAMPINAS, 227 ANOS
Barreto Leme se recusou a fundar cidade à beira da estrada e levou povoado para onde hoje é o centro
Pouso de bandeirante é origem da cidade
FREE-LANCE PARA A FOLHA CAMPINAS
Campinas já existia quando foi
fundada oficialmente. O lugar,
que fazia parte da estratégia de defesa da Coroa portuguesa, era, no
fim do século 18, um pouso no
meio do caminho entre dois locais em estágio avançado de ocupação -Jundiaí e Mogi Mirim.
O pouso de bandeirantes era
um entreposto. A localidade era
povoada porque os bandeirantes
tinham uma jornada de marcha
ritmada para conseguir caminhar
entre São Paulo e o final do percurso -a região de Goiás.
O percurso definido pelos bandeirantes, que aproveita traçados
de trilhas indígenas, obedecia a
uma cadência. O pouso dos bandeirantes que originou Campinas
foi criado por volta de 1730, quando foi aberta a trilha.
A origem de Campinas é o tema
da tese de doutorado do prefeito
de Campinas, Antonio da Costa
Santos (PT), pela USP (Universidade de São Paulo), sob orientação do urbanista Cândido Malta
Filho.
O estudo, apresentado em 1997,
utiliza dados que resultaram de
pesquisas feitas em Portugal e no
Brasil -no Centro de Memória
da Unicamp, Arquivo do Estado
de São Paulo, Biblioteca Nacional
do Rio de Janeiro e fotos de satélite da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).
O material incluiu pesquisa cartorial de inventários das famílias
que vieram com os bandeirantes.
O plano de ocupação e colonização só vem depois da formação
do pouso, a partir do comando da
capitania, segundo Toninho.
Morgado de Mateus chegou em
1765, ficou até 1775 e determinou,
por meio de um documento, que,
devido ao plano estratégico de
ocupação, era preciso estimular a
vinda de povos para a localidade.
A contrapartida era a doação de
terras. Com isso, ele estimulou a
vinda das famílias que seriam pioneiras do plantio da cana-de-açúcar. Morgado de Mateus considerou a planície da região adequada
para o açúcar, mas dependia do
uso de carros de boi para implementá-la.
A planície tinha solo, topografia
e clima adequados para o plantio
da cana-de-açúcar com o uso de
carros de boi.
O gado foi trazido por tropeiros,
de Sorocaba, vila que tinha uma
importante feira permanente de
venda de animais.
A comercialização do gado estimulou o processo de implantação
da cultura da cana-de-açúcar e até
mesmo de outras localidades no
caminho.
O gado também vinha da região
Sul do país, onde hoje é a Região
Metropolitana de Porto Alegre, e
da atual região de Curitiba.
As fazendas de gado foram desenvolvidas ao longo da estrada
que ligava o sul a Sorocaba.
O plano de implantação de povoados elaborado por Morgado
de Mateus constituiu o Quadrilátero Paulista do Açúcar, que prospera de 1790 até 1840, mesmo depois de sua volta para Portugal,
em 1775.
"Foi uma construção que levou
pelo menos umas duas décadas.
Esse pouso ficava onde é hoje o
estádio do Guarani, é coisa de
bandeirante", afirmou Toninho.
Os tropeiros viveram da economia açucareira de 1790 a 1840. "A
designação tropeiro vem de tropa
de gado, que vinha do sul", disse
Toninho sobre os dois ciclos de
colonização.
Fundação
A interferência de Francisco
Barreto Leme -fundador oficial
de Campinas-, que era vereador
de Jundiaí, nesse processo foi o de
executar o plano de povoamento
de Morgado de Mateus.
Mateus designou a Barreto Leme a fundação da futura cidade,
com a transformação do pouso
dos bandeirantes em uma freguesia de Jundiaí.
A tarefa de Barreto Leme foi trazer as famílias, assentá-las na localidade e fazê-las plantar cana-de-açúcar para a localidade prosperar. No entanto Barreto Leme
se negou a fundar a vila no local
do pouso e fez a fundação onde é
hoje o atual centro da cidade, no
largo do Carmo.
Barreto Leme toma essa atitude
porque era morador e, para fundar a freguesia, seria obrigado a
doar parte de suas terras para a
construção da igreja matriz e o
prédio da Câmara e a cadeia.
A mudança proposta por Barreto Leme foi aceita pelos moradores, segundo o prefeito de Campinas.
"Os moradores queriam fugir,
como o diabo foge da cruz, dessa
estrada que passava ali em baixo
(próximo ao Guarani). Ali era
uma estrada de contrabando do
ouro", disse Toninho.
(EF)
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