Campinas, Sábado, 14 de Julho de 2001

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Reforma urbana derruba teatros

FREE-LANCE PARA A FOLHA CAMPINAS

O plano de melhoramentos urbanos projetado por Prestes Maia previu o desenvolvimento econômico, mas também enterrou parte da vida cultural da cidade.
Dois teatros municipais foram demolidos em Campinas no século passado, quando a cidade foi remodelada para absorver a demanda por automóveis.
A ocupação urbana entrou na fase vertical. Então, antigos casarões foram substituídas pelos grandes edifícios.
O Teatro Municipal Carlos Gomes foi demolido em 1965. O Teatro São Carlos, que chegou a ser cine-teatro, foi derrubado em 1922. Os dois episódios são contados no livro "Fragmentos de Uma Demolição", do MIS (Museu da Imagem e do Som) de Campinas.
Na publicação, a demolição do teatro São Carlos é mostrada como um "fato que não gerou protestos". Maior polêmica provocou a derrubada do Teatro Carlos Gomes, inaugurado em 1930.
Ele foi erguido no mesmo lugar onde havia funcionado o Teatro São Carlos, prédio que datava da segunda metade do século 19.
O material produzido pelo MIS reúne depoimentos de artistas e frequentadores do teatro, gravados em vídeo.
Eles servem de referência em pesquisas sobre a história controvertida das demolições.
O Teatro São Carlos é descrito como consequência do desenvolvimento econômico da cidade a partir da consolidação da cultura do café, durante o século 19.
A iniciativa partiu de um grupo de artistas amadores, que criou a Associação Campineira do Teatro São Carlos.
Os dois teatros não são as últimas vítimas do plano de melhoramentos urbanos. Antes de o Carlos Gomes ser derrubado, a igreja do Rosário foi atingida.
O igreja, construída em 1817, foi demolida em 1956 para viabilizar o alargamento da avenida Francisco Glicério, a principal da cidade, durante o primeiro mandato do prefeito Rui Novaes.
A demolição do Teatro Carlos Gomes também foi determinada pelo prefeito Novaes, em sua segunda gestão, em setembro de 1965. O prédio havia passado por reformas cinco anos antes.
"Decido autorizar a imediata demolição do edifício do Teatro Municipal para evitar os perigos que seu possível desabamento poderá ocasionar", disse o prefeito Rui Novaes, na época.
A operação durou semanas. A suposta fragilidade do prédio era admitida desde 1951, quando parte do teto do cine Rink desabou, deixando mortos e feridos.
Durante a reforma, no entanto, o teatro ficou fechado para o público e sua cúpula recebeu uma cobertura.
O teatro recebeu o nome de Carlos Gomes em 1951.


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