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Reforma urbana derruba teatros
FREE-LANCE PARA A FOLHA CAMPINAS
O plano de melhoramentos urbanos projetado por Prestes Maia
previu o desenvolvimento econômico, mas também enterrou parte da vida cultural da cidade.
Dois teatros municipais foram
demolidos em Campinas no século passado, quando a cidade foi
remodelada para absorver a demanda por automóveis.
A ocupação urbana entrou na
fase vertical. Então, antigos casarões foram substituídas pelos
grandes edifícios.
O Teatro Municipal Carlos Gomes foi demolido em 1965. O Teatro São Carlos, que chegou a ser
cine-teatro, foi derrubado em
1922. Os dois episódios são contados no livro "Fragmentos de Uma
Demolição", do MIS (Museu da
Imagem e do Som) de Campinas.
Na publicação, a demolição do
teatro São Carlos é mostrada como um "fato que não gerou protestos". Maior polêmica provocou a derrubada do Teatro Carlos
Gomes, inaugurado em 1930.
Ele foi erguido no mesmo lugar
onde havia funcionado o Teatro
São Carlos, prédio que datava da
segunda metade do século 19.
O material produzido pelo MIS
reúne depoimentos de artistas e
frequentadores do teatro, gravados em vídeo.
Eles servem de referência em
pesquisas sobre a história controvertida das demolições.
O Teatro São Carlos é descrito
como consequência do desenvolvimento econômico da cidade a
partir da consolidação da cultura
do café, durante o século 19.
A iniciativa partiu de um grupo
de artistas amadores, que criou a
Associação Campineira do Teatro
São Carlos.
Os dois teatros não são as últimas vítimas do plano de melhoramentos urbanos. Antes de o Carlos Gomes ser derrubado, a igreja
do Rosário foi atingida.
O igreja, construída em 1817, foi
demolida em 1956 para viabilizar
o alargamento da avenida Francisco Glicério, a principal da cidade, durante o primeiro mandato
do prefeito Rui Novaes.
A demolição do Teatro Carlos
Gomes também foi determinada
pelo prefeito Novaes, em sua segunda gestão, em setembro de
1965. O prédio havia passado por
reformas cinco anos antes.
"Decido autorizar a imediata
demolição do edifício do Teatro
Municipal para evitar os perigos
que seu possível desabamento poderá ocasionar", disse o prefeito
Rui Novaes, na época.
A operação durou semanas. A
suposta fragilidade do prédio era
admitida desde 1951, quando parte do teto do cine Rink desabou,
deixando mortos e feridos.
Durante a reforma, no entanto,
o teatro ficou fechado para o público e sua cúpula recebeu uma
cobertura.
O teatro recebeu o nome de
Carlos Gomes em 1951.
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