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DIREITOS HUMANOS 2
Governo criou comissão para resolver caso das ossadas de Perus, mas pedidos não foram atendidos
Estado promete apurar responsabilidade
free-lance para a Folha Campinas
O governo do Estado promete
apurar as responsabilidades de diversas instituições estaduais pelo
abandono das 1.047 ossadas de Perus. Amanhã deve ser anunciado
um posicionamento oficial.
A assessoria de imprensa do governador Mário Covas (PSDB) informou que será feita uma investigação sobre as responsabilidades
das instituições envolvidas.
O abandono das ossadas, encontradas há nove anos em uma vala
clandestina do Cemitério Dom
Bosco, no bairro Perus, zona oeste
de São Paulo, envolve a Unicamp e
duas secretarias estaduais.
Por falta de perícias técnicas, encerradas pela Unicamp em 1997, e
uma conturbada desestruturação
do departamento, as ossadas podem esconder o paradeiro de pelo
menos dois militantes políticos:
Hiroaki Torigoi e Flávio Molina,
que integravam o Molipo (Movimento de Libertação Popular).
As análises começaram a ser feitas pelo médico legista Antônio
Fortunato Badan Palhares em 90,
mas os familiares e entidades de
defesa dos direitos humanos pediram que ele fosse afastado do caso,
cinco anos depois, alegando que os
resultados eram insatisfatórios.
Badan Palhares foi substituído
por José Eduardo Bueno Zappa,
que acabou deixando o trabalho ao
pedir demissão da universidade,
em 97.
Desde então, o caso vem se arrastando a tal ponto que no ano passado a Secretaria de Estado da Segurança Pública criou uma entidade só para cuidar do assunto. Foi
instituída, em 98, a Comissão de
Transferência das Ossadas de Perus.
Mas a comissão, que defende a
transferência das ossadas para a
USP (Universidade de São Paulo)
há um ano e não quer a retomada
das perícias por Badan Palhares,
hoje o único médico-legista do
DML, não teve nenhum de seus pedidos atendidos.
A remoção é só uma das propostas da entidade, segundo seu presidente, o médico-legista Antenor
Chicarino. A comissão concluiu
relatório onde é proposta ainda
auditoria para apurar quanto dinheiro do contribuinte foi destinado e aplicado nos exames.
O relatório aponta ainda a necessidade de uma catalogação do material armazenado no DML para
conferir se as ossadas encontradas
em Perus ainda estão na Unicamp.
O documento conclui que é necessária a abertura de inquérito
policial devido à forma "ilegal" e
"desrespeitosa" como os exames
foram conduzidos.
Hoje, no entanto, as duas secretarias estaduais envolvidas não
dão informações sobre o atendimento à comissão.
Quando as perícias começaram,
graças a um convênio entre a Prefeitura de São Paulo e o governo do
Estado, a previsão era de conclusão do caso em dois anos.
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