São Paulo, Sexta-feira, 01 de Outubro de 1999
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UE negocia acordos científicos com instituições brasileiras

da Sucursal de Brasília

A União Européia (UE) está negociando com o Brasil acordos nas áreas de ciência e tecnologia, uso pacífico da energia nuclear e inspeção fitossanitária.
O coordenador para o Brasil na Comissão Européia, o espanhol Tomas Abadia, encerrou ontem visita de duas semanas ao Brasil.
Ele deu partida a conversações com esse objetivo, que deverão se acelerar até a realização, em maio de 2000, em Bruxelas, da primeira reunião desde 1996 da comissão mista União Européia-Brasil.
O Brasil está atrasado em relação ao segundo maior país da América do Sul, a Argentina, que já assinou acordos setoriais de ciência e tecnologia e nuclear.
Uma subcomissão científica mista foi criada em 1996, mas nunca chegou a ser ativada.
A União Européia demonstra especial interesse em acelerar o acordo nuclear, que vai prever a cooperação para aplicações da energia nuclear em medicina e agricultura, no tratamento de dejetos nucleares e na assistência a vítimas de contaminação nuclear.
No setor de ciência e tecnologia, embora o aporte de recursos da União Européia para o Brasil não tenha a perspectiva de ser de grande porte, há planos ambiciosos quanto a intercâmbio de pesquisadores, docentes e estudantes e a transferência de tecnologia.
O acordo com o Brasil na área de ciência e tecnologia deverá seguir o padrão do assinado na semana passada com a Argentina. Ele prevê empréstimo de equipamentos e material, troca de informações e dados, patrocínio para simpósios e seminários, além de estágios de pesquisadores.
Os acordos fitossanitários são dois. Um, que já está em fase avançada, vai prever o reconhecimento mútuo da inspeção realizada em vinhos e produtos à base de uva. O outro, mais abrangente, ainda vai demorar algum tempo para ser finalizado e assinado.
A mais recente reunião da comissão mista havia definido que a cooperação nas áreas de economia, ambiente e desenvolvimento social seria a prioridade das relações entre UE e Brasil. A viagem de Abadia teve o objetivo de dar materialidade a essas prioridades.
Além dos acordos, ele tratou de projetos de cooperação em três setores. Um deles, o de centros tecnológicos para incentivo a pequenas e médias empresas.
O outro compreende programas para administração pública. Três deles estão quase prontos para assinatura. Um é para a reforma da administração pública, outro para a melhoria do sistema fiscal e o terceiro para a reforma da polícia em vários Estados.
O terceiro setor para cooperação tratado por Abadia em sua visita foi o de artesanato. Ele e Ruth Cardoso, presidente do conselho do Comunidade Solidária, conversaram sobre esse assunto.
A idéia é trazer para o Nordeste brasileiro a experiência européia de pequenas e microempresas de artesanato. Também há a possibilidade de mobilização de recursos europeus para esse fim.
Além de Brasília, Abadia visitou Pernambuco, Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo.
Antes de cuidar do Brasil na Comissão Européia, Abadia, formado em direito pela Universidade Valencia, foi o responsável pela Argentina. (CELS)


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