São Paulo, sexta-feira, 02 de fevereiro de 2001

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Cientistas criam versão mutante ainda mais perigosa do vírus Ebola

RICARDO BONALUME NETO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Cientistas da França e da Alemanha produziram uma versão mutante do vírus Ebola ainda mais mortal que a variante encontrada na natureza. Mas não se trata de um experimento irresponsável para produzir uma arma biológica, e sim de descobrir o mecanismo pelo qual o próprio vírus controla sua capacidade de matar.
O Ebola é um perigoso vírus das florestas da África Central que ao passar para populações humanas causou surtos em que até 90% das pessoas infectadas morreram.
A pesquisa está publicada na revista "Science" por Viktor Volchkov e mais seis colegas. Foi o laboratório de Volchkov, da Universidade Claude Bernard Lyon-1 em Lyon, França, que determinou a primeira sequência completa do genoma do vírus, em 1999.
O mutante não produzia uma determinada proteína, e sem ela sua capacidade tóxica não era devidamente controlada. Um vírus letal demais mataria antes de conseguir se reproduzir.
"O mecanismo que permite o controle da toxicidade celular certamente deve dar grandes vantagens ao vírus em luta com o sistema de defesa", disse Volchkov à Folha. "O vírus é capaz de replicar e de se espalhar no organismo de modo mais eficiente".
O genoma do Ebola tem oito genes, distribuídos em 18.959 nucleotídeos (unidades básicas dos ácidos nucléicos, DNA e RNA, as substâncias que constituem o código genético). Os pesquisadores usaram técnicas de "genética reversa" para criar o mutante.
Esse método consiste em fazer primeiro a manipulação de genes em proveta, introduzindo diferentes mudanças na sequência do material genético do vírus. Em seguida, o vírus com as mutações é recuperado, "o que permite identificar o papel desconhecido de genes conhecidos", diz Volchkov.


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