São Paulo, quinta-feira, 05 de fevereiro de 2004

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ESPAÇO

Microscópio do jipe Opportunity revela solo em Meridiani Planum, local que tem minerais associados com o líquido

Pedras lisas sugerem a presença de água em Marte

Divulgação JPL/Nasa
Solo marciano fotografado por microscópio do Opportunity


SALVADOR NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Com seus dois jipes no chão e aptos a fazer pesquisa científica, os cientistas da Nasa começam a farejar cada vez mais de perto o cheiro da água no planeta vermelho. Imagens recém-divulgadas pela agência espacial americana, obtidas pelo Opportunity, mostram pequenas rochas estranhamente lisas e circulares no arenoso solo marciano.
A observação vem de Meridiani Planum, uma região que já era candidata a conter sinais do líquido essencial à vida antes mesmo do pouso da sonda robótica americana. Observações feitas a partir de órbitas baixas com outros satélites americanos já indicavam o que pareciam ser grandes quantidades de hematita -um minério que normalmente aparece por ação de água- na área.
A suspeita também já foi confirmada pelo Opportunity, que carrega consigo dois espectrômetros. O mini-TES (sigla em inglês para mini-espectrômetro de emissão térmica) confirmou a assinatura da hematita no solo marciano nas redondezas do local de pouso.
Já a observação das rochas circulares foi feita com o auxílio do microscópio presente no braço robótico da sonda, durante o décimo dia do robô em Meridiani Planum (cada "sol", como são chamados os dias marcianos, dura 24 horas e 39 minutos).
Uma possível explicação para seu formato regular é a erosão causada por água. Mas os cientistas não descartam a hipótese de que as rochas sejam fruto do impacto de meteoritos, que poderiam apresentar resultado similar.
Os estudos devem ficar ainda mais interessantes quando o Opportunity tiver a chance de visitar um brotamento rochoso -primeira formação do tipo vista em Marte- localizado próximo ao módulo de pouso. Há evidências de que a formação possua sinais de rochas sedimentares, outro potencial indicativo de sinal de água na superfície marciana.
O projeto de longo prazo da Nasa é entender primeiro em que condições e em que regiões a água se apresenta em Marte, para depois voltar a procurar evidências diretas de vida no planeta vermelho. Os primeiros esforços no sentido de buscar vida diretamente, feitos com as sondas americanas Viking em 1976, foram inconclusivos. A sonda européia Beagle-2 deveria ter feito nova investida nessa direção, não fosse seu pouso malogrado em dezembro.


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