São Paulo, domingo, 8 de novembro de 1998

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Centro estuda cristais

do enviado especial a Campinas

A missão do ônibus espacial Discovery, da qual participou o astronauta John Glenn, 77, deverá voltar à Terra trazendo dez proteínas brasileiras que foram cristalizadas no espaço, em condições de quase nenhuma gravidade, e que serão analisadas pela luz síncrotron do LNLS, em Campinas.
O exame de cristais de proteínas normalmente é realizado para estudar o mecanismo de determinadas doenças e para o desenvolvimento de novas drogas. Entre as proteínas enviadas ao espaço, duas são do LNLS.
Uma delas está presente em sementes de flambloiaiã. Segundo Igor Polikarpov, diretor do laboratório, a proteína é um inibidor de tripsina, que funciona como uma "arma" da árvore na defesa contra os insetos.
A proteína estaria ligada à coagulação sanguínea no homem, já que as proteínas que determinam essa reação, segundo o pesquisador, agiriam de forma semelhante ao inibidor de tripsina.
A segunda proteína é a beta-manosidase, encontrada fungos que causam nos seres humanos doenças no sistema nervoso. Como sua estrutura não é conhecida, os pesquisadores pretendem examinar seus cristais para entender como o fungo atua na doença.
Segundo Polikarpov, Além do estudo das proteínas, também serão avaliadas as principais diferenças que ocorrem entre a cristalização em Terra e no espaço. "Devemos fazer estudos para determinar a diferença na qualidade dos dados obtidos", diz.
Leva-se de duas horas a seis horas para se obter, no síncrotron, todos os dados necessários para o estudo dos cristais. "Sem esse sistema, o levantamento de dados tomaria cerca de 30 horas", diz Polikarpov. (MaF)



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