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PERISCÓPIO
Novos estudos e a especulação sobre a supressão do HIV
JOSÉ REIS
especial para a Folha
Em 1996, os meios de comunicação alardearam os grandes
progressos feitos no ano anterior
no tratamento do HIV, o vírus da
Aids, e muitos chegaram a especular quanto à extinção da doença. Mas um encontro de especialistas realizado no ano seguinte
em St. Petersburg, Flórida
(EUA), mostrou que os malogros haviam sido maiores do que
se imaginava. As limitações dos
grandes coquetéis de drogas
eram grandes, embora retardassem a morte e a doença.
Na reunião de 1997, 200 especialistas de todo o mundo analisaram a resistência ao tratamento, suas estratégias e a possibilidade de extirpar a moléstia. Todos salientaram que o tratamento da Aids era por enquanto um
grande empreendimento.
As poderosas drogas atualmente usadas consistem em combinações de três componentes,
dois dos quais são transcriptases
reversas e um é droga dirigida
contra a protease do vírus. Várias são as causas de malogro,
examinadas no encontro. Mesmo os mais potentes coquetéis
têm dificuldade em vencer o vírus, o que gera demora e pode
ocasionar a formação de amostras resistentes. Além disso, o
tratamento é muito complicado
e exige muitas restrições que os
pacientes tendem a esquecer, o
que invalida o tratamento.
Os pesquisadores, analisando
as causas dos fracassos, verificaram que a ausência do vírus nem
sempre é real. O vírus pode permanecer por mais de um ano indetectável. Alguns pacientes têm
milhares de cópias do vírus no
começo do tratamento, e uma
baixa para 400 cópias é significativa; isto, na realidade, significa
pouco, porque o vírus se multiplica e pode se transformar em
mutante resistente.
Alguns clínicos no encontro
comunicaram que já sentem falta
de opções quanto à possibilidade
de tratamento. Brigitte Autran,
de Paris, nota que o sistema imune, após devastação por muito
tempo depois da doença, pode se
recuperar. Isso após tratamento
forte de coquetel triplo.
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