São Paulo, domingo, 8 de novembro de 1998

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PERISCÓPIO

Novos estudos e a especulação sobre a supressão do HIV

JOSÉ REIS
especial para a Folha

Em 1996, os meios de comunicação alardearam os grandes progressos feitos no ano anterior no tratamento do HIV, o vírus da Aids, e muitos chegaram a especular quanto à extinção da doença. Mas um encontro de especialistas realizado no ano seguinte em St. Petersburg, Flórida (EUA), mostrou que os malogros haviam sido maiores do que se imaginava. As limitações dos grandes coquetéis de drogas eram grandes, embora retardassem a morte e a doença.
Na reunião de 1997, 200 especialistas de todo o mundo analisaram a resistência ao tratamento, suas estratégias e a possibilidade de extirpar a moléstia. Todos salientaram que o tratamento da Aids era por enquanto um grande empreendimento.
As poderosas drogas atualmente usadas consistem em combinações de três componentes, dois dos quais são transcriptases reversas e um é droga dirigida contra a protease do vírus. Várias são as causas de malogro, examinadas no encontro. Mesmo os mais potentes coquetéis têm dificuldade em vencer o vírus, o que gera demora e pode ocasionar a formação de amostras resistentes. Além disso, o tratamento é muito complicado e exige muitas restrições que os pacientes tendem a esquecer, o que invalida o tratamento.
Os pesquisadores, analisando as causas dos fracassos, verificaram que a ausência do vírus nem sempre é real. O vírus pode permanecer por mais de um ano indetectável. Alguns pacientes têm milhares de cópias do vírus no começo do tratamento, e uma baixa para 400 cópias é significativa; isto, na realidade, significa pouco, porque o vírus se multiplica e pode se transformar em mutante resistente.
Alguns clínicos no encontro comunicaram que já sentem falta de opções quanto à possibilidade de tratamento. Brigitte Autran, de Paris, nota que o sistema imune, após devastação por muito tempo depois da doença, pode se recuperar. Isso após tratamento forte de coquetel triplo.



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