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FUTURO
Pesquisadores buscam substituto para injeções diárias de diabéticos
Insulina em spray
da Reportagem Local
Um spray de insulina, desenvolvido por indústrias dos EUA, pode
ser a solução para substituir as injeções que pacientes de diabetes
precisam tomar diariamente para
manter o nível de glicose (açúcar)
no sangue.
O spray funciona como um inalador utilizado por indivíduos
com asma. Do tamanho de uma
lanterna, o aparelho é carregado
com a dose terapêutica necessária
e é operado mecanicamente. Uma
ou duas inalações equivalem a
uma dose pequena de insulina.
O inalador foi criado pela Inhaled Therapeutics Systems, em parceria com a indústria farmacêutica
Pfizer, responsável pelo desenvolvimento da droga contra a impotência Viagra.
Pelo fato de o inalador ter sido
desenvolvido apenas para aplicar
uma dose de curta duração de insulina, ainda é necessário o uso de
injeções de uma dose de ação prolongada para o controle dos níveis
de açúcar no sangue à noite.
"Diabéticos que necessitam de
uma dose maior de insulina ainda
precisam de injeções", disse Joyce
Strand, da Inhaled Therapeutics
Systems, em entrevista por e-mail
à Folha.
Segundo ela, as empresas envolvidas no projeto estudam o desenvolvimento de um inalador com
doses mais fortes.
O estudo preliminar do inalador
começou em 1993, para que fosse
medida sua ação em seis pacientes
com diabetes do tipo 2. O aerossol
utilizado continha cerca de 500
U/mL (unidades por mililitro) de
insulina.
Nos testes, uma dose de cerca de
1 U de insulina por quilograma da
massa do corpo chegou ao pulmão
-ou cerca de 21% da insulina eliminada pelo inalador-, o que seria o suficiente para controlar os
níveis de glicose no sangue.
No ano passado, outros dois testes foram realizados para se determinar a eficácia do inalador. Os
exames foram conduzidos por Jay
S. Skyler, da Universidade de Miami, e por William T. Cefalu, da
Universidade de Vermont, em
Burlington (EUA).
No primeiro exame, 70 pacientes
com diabetes 1 foram divididos em
dois grupos e receberam, por três
meses, tratamento com o inalador
ou com injeções.
O grupo que tomou as injeções
recebeu as mesmas doses diárias
de insulina que eram ministradas
antes dos testes -cerca de duas
ou três injeções diárias.
O outro grupo, que utilizou o
inalador, recebeu uma ou duas
inalações antes de cada refeição e
uma injeção de dose prolongada
de insulina antes de dormir.
Segundo Skyler, os níveis de glicose na corrente sanguínea dos
pacientes dos dois grupos, após o
final dos testes, foram parecidos.
No segundo experimento, 51 indivíduos com diabetes 2 foram separados em dois grupos e tratados
de maneira semelhante ao primeiro teste. Apenas as doses de insulina foram alteradas.
Após os testes, uma pesquisa
realizada pelos médicos indicou
que 92% dos pacientes com diabetes 2 e 80% dos com diabetes 1 que
usaram o inalador optaram por
continuar a utilizar o método por
mais um ano.
"O novo sistema pode mudar
dramaticamente o tratamento de
diabetes, principalmente devido
ao desconforto do uso de injeções", afirmou Skyler.
Sobre a comercialização do produto, Strand disse que ainda precisarão ser feitos novos testes em
novembro, que deverão durar de
seis meses a um ano.
Após os experimentos, a FDA
(agência que regulamenta drogas e
alimentos nos EUA) precisará ainda aprovar a utilização do inalador
em escala comercial.
(Marcelo Ferroni)
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