São Paulo, sexta-feira, 09 de novembro de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ASTRONOMIA

Satélite de Júpiter é candidato a abrigar vida

Camada de gelo que cobre oceano de Europa possui no mínimo 4 km

SALVADOR NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Desde que a sonda Galileu enviou dados à Terra sugerindo a existência de um oceano no subsolo de Europa, um gélido satélite de Júpiter, os cientistas têm se perguntado quanto seria preciso cavar para chegar até a água. A resposta agora parece estar mais próxima, graças a um estudo do Laboratório Planetário e Lunar da Universidade do Arizona (EUA).
Antes dele, as especulações dos cientistas sobre a camada de gelo que recobre a água que deve existir sob a superfície (mantida em estado líquido pelo efeito das marés causado pela enorme força gravitacional exercida pelo gigante Júpiter) variavam de um quilômetro a várias dezenas.
Agora, um patamar mais estreito foi estabelecido -no mínimo três ou quatro quilômetros. A conclusão veio da reunião de análises de crateras na superfície do satélite (fotografadas pela própria Galileu) e simulações recriando os impactos que teriam produzido os acidentes na superfície.
A maior parte das grandes crateras de Europa possui um pico no seu centro -gerado pelo refluxo de material no momento do impacto. Para que esses picos se formem, é preciso que o asteróide ou cometa em colisão não atravesse a camada inteira de gelo.
Partindo das crateras observadas, os cientistas simularam os impactos, verificando o quanto a camada precisaria ter de espessura para formar os tais picos.
O que é mais interessante, entretanto, é que algumas crateras, também de grandes proporções, não possuem picos. Isso sugere que nessas regiões a espessura do gelo pudesse ser menor que os tais três ou quatro quilômetros.
Europa é um dos maiores candidatos a abrigar vida fora da Terra, justamente por possuir água em estado líquido. Com os novos resultados, a perspectiva de haver organismos no oceano europano segue firme e forte -mas a chance de encontrá-los se reduz bem.
Com uma camada de quatro quilômetros de gelo "será mais difícil ter acesso ao oceano", disse à Folha Elizabeth Turtle, uma das autoras do estudo, feito em parceria com a quase xará Elisabetta Pierazzo. Um balde de água fria (para não dizer congelada) nos defensores do envio de uma sonda robótica capaz de perfurar a superfície e navegar pela água.
"Entretanto, a possibilidade de variações na espessura do gelo apóia fortemente a idéia de enviar outra missão, para determiná-la diretamente", disse Turtle.
O estudo sai hoje na "Science" (www.sciencemag.org).



Texto Anterior: Princeton revê risco de choque com asteróide
Próximo Texto: Biologia: Verme da esquistossomose vigia células de defesa para sobreviver
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.