São Paulo, quarta-feira, 10 de março de 2004

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POLÍTICA CIENTÍFICA

Centros de excelência são prioritários

MCT recua na descentralização de recursos para a pesquisa no Brasil

LUIS RENATO STRAUSS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo federal abandonou o projeto de descentralização dos investimentos em pesquisa. Segundo o ministro Eduardo Campos (Ciência e Tecnologia), a idéia, lançada em 2003, estava sendo confundida com "pulverização de recursos".
Para Campos, o modelo que vinha sendo moldado no primeiro ano do governo Lula iria enfraquecer os laboratórios de excelência e comprometeria a qualidade da produção de conhecimento. Os centros tradicionais, disse, são o apoio para laboratórios menores e a base para o intercâmbio de informações entre os cientistas.
"Não há como sustentar o discurso de descentralização da pesquisa. No momento, temos a necessidade de consolidar os centros de excelência e dar condições para permanecerem vivos os centros emergentes. Estaríamos articulando um falso discurso", afirmou Campos.
Deputado federal pelo PSB-PE, neto de Miguel Arraes, Campos assumiu a pasta na reforma ministerial de janeiro. Ele entrou no lugar de Roberto Amaral, também do PSB. Ontem e hoje, os gestores do ministério estão reunidos para discutir a aplicação de recursos e estratégias da pasta.
Os dados preliminares do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), ligado ao MCT (Ministério da Ciência e Tecnologia) e responsável por fomento à pesquisa e concessão de bolsas, apontam que, diferentemente do discurso do governo no ano passado, pouco se fez para a descentralização.
Em 2003, a concentração dos recursos do conselho até aumentou dois pontos percentuais, na região Sudeste, em relação a 2002 -subiu de 58% para 60% do total de investimentos, R$ 623 milhões.
No Centro-Oeste, caiu de 7,5% para 6,7% do total de recursos; no Nordeste, de 13,4% para 12,7%; e, no Norte, subiu 0,2 ponto percentual, de 2,9% para 3,1%. As regiões fora do Sudeste não foram privilegiadas como se previra.
São Paulo continuou sendo o Estado com mais investimentos (30% do total), seguido pelo Rio de Janeiro (19%) e pelo Rio Grande do Sul (10%).
"Os centros consolidados são importantes para dar apoio aos novos pólos e para manter a qualidade da pesquisa no país, que vem sendo reconhecida internacionalmente. Sem isso, o processo não vai adiante. Temos de ver o histórico do processo: passamos nos últimos anos por uma severa restrição do quadro econômico e do orçamento do governo. Nessa conjuntura, temos de priorizar a infra-estrutura que está sendo consolidada", diz o ministro.
Segundo Campos, a idéia do governo é "otimizar" o que o país possui, criando redes de pesquisa e de intercâmbio de informações. "Os Estados, os municípios, as empresas também deverão fazer parte desse sistema nacional."
Para ele, também é importante a atração de recursos de fundações e da iniciativa privada, além aproximar a produção científica do dia-a-dia da população.


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