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MEDICINA
Capital baiana tem 50 mil infectados com HTLV
Encontro em Salvador vai debater vírus associado com a leucemia
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
Salvador é recordista no país na
ocorrência de um vírus causador
de leucemia. Cerca de 4% da população da cidade, ou 50 mil pessoas, está infectada com o HTLV,
segundo a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).
Por causa desse perfil, a capital
baiana foi escolhida para sediar,
de hoje a terça-feira, o 6º Simpósio Internacional sobre HTLV,
promovido pela Fiocruz, em comemoração ao seu centenário.
"Salvador tem 80% de negros e
mestiços e isso pode ser um dos
fatores dessa prevalência na cidade, já que o vírus seria originário
da África", afirma Bernardo Galvão, pesquisador da Fiocruz e
chefe do Lasp (Laboratório Avançado de Saúde Pública). "Mas isso
ainda é uma incógnita que será
discutida durante o seminário."
Do simpósio sairá um documento com proposições que deverão nortear as ações de controle
do vírus no país. O HTLV, além
da leucemia, também pode causar distúrbios neurológicos.
Seis especialistas estrangeiros
participarão do evento, entre eles
o pesquisador japonês Mitsuhiro
Osame, um dos ""papas" do estudo do vírus no mundo.
O HTLV pertence ao grupo dos
retrovírus, como o HIV (que provoca a Aids). Ele é transmitido
por meio de relações sexuais, sangue contaminado e de mãe para
filho, durante a amamentação.
A leucemia se caracteriza por
aumento no número de leucócitos (células brancas) no sangue,
associado à infiltração celular em
órgãos e estruturas do corpo, como fígado, baço, medula óssea e
sistema linfático.
Entre os principais sintomas estão a anemia e hemorragias internas. "Estima-se que entre 2% e
4% dos infectados com o HTLV
vão desenvolver a doença", diz
Galvão. Não existe um tratamento 100% eficaz para a leucemia.
"Vamos discutir durante o simpósio a montagem de um centro
de referência para a leucemia no
país. Com isso, poderemos fechar
o ciclo da doença como o Japão
fez: por meio de informação e mapeamento da prevalência do vírus", afirma o pesquisador-chefe
do laboratório da Fiocruz.
Depois de Salvador, a infecção
pelo vírus atinge mais a população do Rio de Janeiro e de Recife
(ambos com 0,33% de ocorrência). Em São Paulo, a prevalência
é de 0,3%, segundo a Fiocruz.
(MARCOS VITA)
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