São Paulo, domingo, 10 de setembro de 2000

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MEDICINA
Capital baiana tem 50 mil infectados com HTLV

Encontro em Salvador vai debater vírus associado com a leucemia

DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

Salvador é recordista no país na ocorrência de um vírus causador de leucemia. Cerca de 4% da população da cidade, ou 50 mil pessoas, está infectada com o HTLV, segundo a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).
Por causa desse perfil, a capital baiana foi escolhida para sediar, de hoje a terça-feira, o 6º Simpósio Internacional sobre HTLV, promovido pela Fiocruz, em comemoração ao seu centenário.
"Salvador tem 80% de negros e mestiços e isso pode ser um dos fatores dessa prevalência na cidade, já que o vírus seria originário da África", afirma Bernardo Galvão, pesquisador da Fiocruz e chefe do Lasp (Laboratório Avançado de Saúde Pública). "Mas isso ainda é uma incógnita que será discutida durante o seminário."
Do simpósio sairá um documento com proposições que deverão nortear as ações de controle do vírus no país. O HTLV, além da leucemia, também pode causar distúrbios neurológicos.
Seis especialistas estrangeiros participarão do evento, entre eles o pesquisador japonês Mitsuhiro Osame, um dos ""papas" do estudo do vírus no mundo.
O HTLV pertence ao grupo dos retrovírus, como o HIV (que provoca a Aids). Ele é transmitido por meio de relações sexuais, sangue contaminado e de mãe para filho, durante a amamentação.
A leucemia se caracteriza por aumento no número de leucócitos (células brancas) no sangue, associado à infiltração celular em órgãos e estruturas do corpo, como fígado, baço, medula óssea e sistema linfático.
Entre os principais sintomas estão a anemia e hemorragias internas. "Estima-se que entre 2% e 4% dos infectados com o HTLV vão desenvolver a doença", diz Galvão. Não existe um tratamento 100% eficaz para a leucemia.
"Vamos discutir durante o simpósio a montagem de um centro de referência para a leucemia no país. Com isso, poderemos fechar o ciclo da doença como o Japão fez: por meio de informação e mapeamento da prevalência do vírus", afirma o pesquisador-chefe do laboratório da Fiocruz.
Depois de Salvador, a infecção pelo vírus atinge mais a população do Rio de Janeiro e de Recife (ambos com 0,33% de ocorrência). Em São Paulo, a prevalência é de 0,3%, segundo a Fiocruz.
(MARCOS VITA)



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