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Número baixo de genes é surpresa
DA ENVIADA ESPECIAL A LYON
O pesquisador norte-americano Francis Collins, diretor do
consórcio público Projeto Genoma Humano, afirmou na quinta-feira passada, em Lyon, França,
que os humanos são seres bem
menos complexos do que se imaginava, pois não têm tantos genes
assim. O concorrente Craig Venter, presidente da empresa Celera,
foi um pouco mais preciso.
"O genoma contém um número
substancialmente menor do que
50 mil genes. Eles representam
cerca de 1% do código genético",
disse Venter na sexta-feira, também em Lyon, um dia após a partida de Collins e dois antes de ser
suspenso o embargo noticioso
que pesava sobre os artigos na
"Nature" e na "Science", que impedia ambos os líderes do genoma de dar informações mais precisas sobre as pesquisa.
Se o genoma consiste efetivamente de 3 bilhões de letras, a
conta não é difícil. O número total
de genes deve ficar em torno de 30
mil. Não é tanto assim. A Arabidopsis thaliana, planta-modelo
da biologia molecular e primeiro
vegetal a ter seu genoma decifrado, tem cerca de 26 mil.
Segundo Venter, 40% dos genes
humanos têm função desconhecida, ou seja, os pesquisadores não
sabem o que fazem as proteínas
que eles codificam. Daí se percebe
por que, como disse Collins, o genoma é "um livro-texto de medicina numa linguagem que ainda
não podemos compreender".
Segundo Venter, isso não é novidade. "Em todos os organismos
que já sequenciamos, metade dos
genes tem função desconhecida.
Isso significa que temos mais de
200 mil novos genes que não sabemos para que servem."
Na conferência feita em Lyon,
Venter mostrou um pôster com o
mapa do genoma humano. "Só
duas impressoras nos EUA tinham definição suficiente para
imprimir este mapa, devido à
densidade de pixels (pontos) necessária. Ele contém tanta informação que, dependendo do tamanho do gene, não haveria definição suficiente e ele desapareceria do mapa, que aliás representa
um dos trabalhos de cálculo mais
complexos já feitos em biologia."
Venter também apresentou a
capa da edição de 16 de fevereiro
da "Science", com os artigos sobre
o genoma humano. A capa mostra a face de pessoas de diferentes
etnias, representando a diversidade de seres humanos que tiveram
seu DNA sequenciado pela empresa (caucasiana, afro-americana e hispânica). Eles fizeram parte
do estudo denominado por ele de
"Genoma Humano Consensual",
que será publicado na revista
"Science" esta semana.
(ISABEL GERHARDT)
A jornalista Isabel Gerhardt faz a cobertura do fórum BioVision com as despesas
de hospedagem pagas pelos organizadores do evento
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