São Paulo, sexta-feira, 17 de março de 2000


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EVOLUÇÃO
Primata viveu há 45 milhões de anos
Equipe descobre "minifósseis"

JOHN NOBLE WILFORD
do "The New York Times"

Fósseis de ossos de um animal diminuto e que pesaria menos que 28 gramas foram identificados como de espécies que pertenceram à linhagem de primatas (humanos e macacos) mais antiga identificada até hoje.
Esse animal teria vivido há 45 milhões de anos em florestas úmidas na região em que hoje está a China. Ele provavelmente era noturno e solitário e se alimentava de frutas e insetos.
Se não tomasse cuidado, o animal poderia acabar virando o prato principal do jantar de corujas. Na verdade, alguns ossos podem inclusive ter sido regurgitados por esses animais.
Paleontólogos que anunciaram anteontem a descoberta afirmaram que esses fósseis de animais, chamado eosimios, para "macaco da madrugada", são a melhor evidência até hoje para determinar o tempo e lugar de um dos mais importantes galhos da evolução. Eosimios aparentam ser uma figura de transição, de quando os primatas, conhecidos como prosimios, se separaram.
"Temos a primeira evidência concreta que pode preencher o espaço entre os primatas mais e menos evoluídos", disse Daniel Gebo, paleontólogo na Universidade do Norte de Illinois em DeKalb, que participou do estudo.
Um exame mais preciso nos pequenos ossos do pé e do calcanhar, alguns do tamanho de um grão de arroz, estabeleceu que os eosimios são uma espécie extremamente primitiva da linhagem antropóide, disse Gebo.
O formato dos ossos e a estrutura das juntas mostraram que essa espécie era capaz de andar nas mãos e nos pés, da mesma forma que os macacos.
Os primatas menos evoluídos não eram quadrúpedes. Eles se seguravam em árvores e pulavam de galho em galho. Especialistas em anatomia podem perceber que os ossos do calcanhar dos prosimios são maiores do que os dos antropóides, permitindo que seus pulos fossem maiores.
Todos os primatas mais evoluídos são diferentes de outros mamíferos pois têm cérebros, mãos e pés maiores, além de unhas em vez de garras e olhos na frente do crânio.
"Estamos descobrindo uma parte da evolução de primatas que antes intrigava os paleontólogos", disse Christopher Beard, curador do Museu de História Natural Carnegie, na Pensilvânia, que coordenou a expedição.


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