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São Paulo, quinta-feira, 19 de junho de 2003

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PANORÂMICA

ESPAÇO

Acordo entre europeus e russos limita mercado de lançamentos para Alcântara
A Rosaviakosmos (agência espacial russa) anunciou ontem a conclusão de um acordo para a realização de lançamentos de seus foguetes Soyuz a partir da base de Kourou, na Guiana Francesa. Além de reforçar a liderança européia no mercado de lançamentos comerciais de satélites, a ação acaba de tornar ainda mais difícil a inserção do Centro de Lançamento de Alcântara no concorrido circuito.
A base brasileira, montada no Maranhão a apenas 2,3 da linha do Equador, é a mais bem localizada do mundo, à exceção do Sea Launch -uma plataforma marinha mantida por EUA, Rússia, Ucrânia e Noruega que pode ser posta exatamente na divisa entre os dois hemisférios.
A principal vantagem de estar perto da linha do Equador é a economia de combustível na colocação de satélites em órbitas geoestacionárias (em que o artefato espacial está sempre sobre o mesmo ponto da superfície).
A base européia de Kourou tem posição quase tão boa quanto a brasileira, postada 5,2 ao norte da linha do Equador. Apesar da ligeira desvantagem, os europeus dão total prioridade a ela. Os russos devem começar a fazer isso também, depois do acordo fechado com a ESA. Juntas, Europa e Rússia fizeram 70% dos lançamentos comerciais no ano passado.
O que sobra é praticamente o mercado americano, que respondeu por 27% dos lançamentos em 2002 e não tem uma base tão bem posicionada (o Sea Launch é uma opção, mas a infra-estrutura torna a operação extremamente cara).
Apesar disso, o Brasil não pode pleitear lançamentos que envolvam foguetes ou satélites com tecnologia americana enquanto não aprovar um acordo de salvaguardas com os EUA. A versão anteriormente assinada entre os dois países não chegou a entrar em vigor e foi retirada do Congresso, após ser acusada de ferir a soberania nacional.
Em busca de alternativas, o ministro da Ciência e Tecnologia, Roberto Amaral, esteve na Ucrânia há duas semanas para firmar um acordo prevendo a adaptação de foguetes Cyclone-4 para a realização de lançamentos a partir de Alcântara.
O lançador ucraniano é em tese bem competitivo, mas alguns especialistas questionam a existência de um mercado de satélites que deixe Rússia, Europa e EUA do lado de fora.
Segundo Amaral, os lançamentos do Cyclone-4 sozinhos já garantiriam a sobrevivência da base. "No acordo com a Ucrânia, está previsto um número xis de lançamentos", disse, sem revelar quanto vale "xis". Desde 1998 a Ucrânia não faz um lançamento comercial, e o Cyclone-4 ainda não existe fora do papel. (SALVADOR NOGUEIRA, DA REPORTAGEM LOCAL)


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