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CLIMA
Micróbio que "come" metano combate aquecimento global
DA REUTERS
Micróbios exóticos que vivem ao redor de vulcões de
lama no leito oceânico estão
ajudando a controlar o aquecimento global ao mastigar
metano, um dos gases causadores do efeito estufa, que
emana das profundezas, afirmam cientistas.
Eles dizem que os tais micróbios, coletados no fundo
do mar de Barents, no Ártico,
são parte de habitats frágeis
que podem também fornecer
pistas sobre como converter
metano industrialmente, para produção de energia.
Os micróbios que vivem
em volta do vulcão de lama
Haakon Mosby consomem
milhares de toneladas de
metano, o principal componente do gás natural. A molécula é também um dos principais culpados pelo efeito
estufa, o aprisionamento do
calor da Terra na atmosfera
por uma camada de gases. É
um gás-estufa 21 vezes mais
potente que o gás carbônico.
O grupo franco-alemão de
pesquisadores, liderado por
Helge Niemann, do Instituto
Max Planck de Microbiologia Marinha (Alemanha),
descobriu um novo tipo de
arquéia (um ser unicelular
que se parece com uma bactéria mas pertence a um domínio próprio), batizado
ANME-3. O micróbio vive na
ausência de oxigênio a 1.250
metros de profundidade.
"Encontrar um novo tipo
de micróbio é importante
para entender o ciclo do metano", disse Anje Boetius, do
Max Planck. Ela é co-autora
do estudo, publicado hoje na
revista científica "Nature"
(www.nature.com).
O estudo é a primeira descrição de um habitat de vulcão de lama submarino, que
inclui arquéias, bactérias e
vermes tubulares. Os cientistas descobriram que as arquéias consomem menos de
40% do metano emitido pelo
vulcão, por viverem numa
camada fina de lama.
"Elas precisam ter o bastante para comer, mas se sufocam em outros lugares",
disse Boetius. Os micróbios
vivem apenas onde conseguirem obter nutrientes do
mar e metano do vulcão.
Aplicação industrial
A pesquisadora alemã disse ainda que a descoberta pode ajudar a desvendar o funcionamento dos micróbios
comedores de metano -conhecidos da ciência há menos de uma década- e dar
pistas sobre como converter
esse gás em um líquido facilmente transportável.
"A indústria tem interesse
em converter metano em outras moléculas ricas em
energia, como metanol ou
butano. Na indústria eles
conseguem fazer isso quimicamente, mas esperam que
um micróbio possa realizar a
tarefa com mais eficiência",
afirmou Boetius.
Os cientistas já acharam
mais de mil vulcões de lama
no mundo. Eles cospem gás e
sedimento em vez de lava.
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