São Paulo, Terça-feira, 20 de Julho de 1999
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PERDIDOS NO ESPAÇO
Nixon já tinha discurso pronto caso a nave não retornasse
Astronautas seriam deixados na Lua se a missão falhasse

Nasa
O presidente dos EUA Richard Nixon saúda a equipe da Apolo 11 após a missão, em julho de 69


CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
da Sucursal de Brasília


Se algum acidente tivesse deixado Neil Armstrong e Edwin Aldrin na Lua, eles seriam largados lá, sem comunicação com a Terra, após receberem por rádio bênçãos de líderes religiosos.
Era esse o plano do governo dos EUA no caso de insucesso da missão Apollo 11. O presidente Richard Nixon tinha preparado um discurso para comunicar ao mundo a sorte dos astronautas. "O destino ordenou que os homens que foram à Lua para explorá-la em paz permaneçam na Lua para descansar em paz" era a abertura do discurso de Nixon.
"Estes bravos homens, Neil Armstrong e Edwin Aldrin, sabem que não há esperança para seu resgate. Mas também sabem que seu sacrifício dá esperança para a humanidade", prosseguia o texto, revelado há 11 dias entre outros documentos de 1969 da Presidência dos EUA.
O pouso e a decolagem da Lua eram as fases mais perigosas, nunca antes realizadas, da missão Apollo 11. Havia dúvidas entre cientistas sobre a consistência do solo lunar e a capacidade dos foguetes do módulo lunar de o levarem de volta à órbita do satélite.
Em vez do lúgubre discurso, Nixon conversou com os astronautas: "Este é certamente o mais histórico telefonema jamais feito", disse ao iniciar o diálogo.
Ele, como seus predecessores Lyndon Johnson e John Kennedy, vinculou sua imagem à do programa espacial. Não foi uma decisão fácil para o primeiro dos três, Kennedy. Muitos de seus assessores achavam que era arriscado para o presidente responsabilizar-se pela sorte do programa.
Mas Kennedy achou que valia correr o risco e incentivou o programa. O destino mostrou que estava certo: a conquista da Lua até hoje está associada a ele e é considerada a grande realização de seu governo.
Quanto a Nixon, explorou ao máximo o fato de ter sido o beneficiário, seis meses após sua posse, do momento da vitória.
Pouco se disse sobre a única vítima da missão Apollo 11: a bandeira dos EUA, que, plantada muito perto do módulo lunar, tombou quando a nave subiu em segurança.


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