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Telescópio de Hale
ficava na garagem
especial para a Folha
Quando Alan Hale tirou seu telescópio da garagem e vasculhou
os céus na noite de 23 de julho de
1995, sua própria casa estava no
caminho da observação de um cometa já conhecido. Em vez de mudar o telescópio, o astrônomo de
Cloudcroft, Novo México, preferiu passar o tempo esperando que
o cometa subisse mais no céu. Ficou olhando para outros pontos
no espaço, até que achou um objeto nebuloso que não estava ali duas
semanas atrás. Era um cometa, até
então desconhecido.
Seu colega amador Thomas
Bopp, do Estado do Arizona, usava o telescópio de um amigo quando também olhava para o mesmo
ponto no Universo. Os dois informaram a União Astronômica Internacional, e o novo cometa foi
batizado Hale-Bopp.
Os telescópios que eles usaram
estão em uma classe quase profissional, isto é, quase tão poderosos
quanto os de um observatório universitário. O de Hale, com cerca de
40 cm de diâmetro, precisa ser colocado na garagem, em lugar do
automóvel -uma atitude razoável, já que esse tipo de equipamento custa o preço de um. ``É uma
questão de prioridades nessa casa'', diz, rindo, a mulher do astrônomo, Eva Hale.
A dupla observação de Alan Hale
e Thomas Bopp não foi a primeira
vez que um terráqueo viu o cometa, embora sem reconhecê-lo como tal. Depois da descoberta, os
cientistas procuraram checar se ele
aparecia em imagens mais antigas
-e acharam uma de 1993.
``O cometa Halley começou a
desenvolver sua cauda a cerca de
seis UA (unidades astronômicas, a
média da distância Terra-Sol). É
nessa distância que a luz do Sol é
quente o suficiente para transformar o gelo do cometa em gás. Mas
o Hale-Bopp foi descoberto a uma
distância de 7,1 UA já com uma extensa cauda de gás e poeira'', afirma Karen Meech, da Universidade
do Havaí. Na imagem de 93, ele estaria visível ainda mais longe, a 13
AU - ``e já ativo'', diz Meech.
O francês François Colas e seus
colegas do Observatório Pic du
Midi, nos Pirineus, demonstraram
que a rotação do núcleo do Hale-Bopp é complexa, sinal que a
evolução do cometa é bem recente.
``Há poucos cometas observáveis.
Um fenômeno como esse pode
não se reproduzir em talvez 50
anos'', diz Colas, que passou dois
meses este ano no Observatório
Nacional (RJ).
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