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São Paulo, segunda-feira, 25 de agosto de 2003

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Equipes inteiras se perderam, diz brigadeiro

DO ENVIADO ESPECIAL A SÃO LUÍS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO LUÍS

O coordenador-geral da operação de lançamento do foguete VLS-1 (Veículo Lançador de Satélites) no Centro de Lançamentos de Alcântara, major-brigadeiro Tiago da Silva Ribeiro, disse que, entre os 21 mortos no acidente da última sexta-feira, está o segundo homem mais importante da base na área de eletrônica (abaixo apenas do chefe do setor, que não estava na torre na hora do acidente).
Há, segundo Ribeiro, entre 15 e 20 chefes de setor no programa de construção do foguete, mas nenhum morreu na sexta-feira.
"Tivemos equipes quase inteiramente dizimadas por esse acidente", disse Ribeiro. Ele contou que morreram cinco funcionários do setor de propulsão e que houve também mortes nos setores de pirotecnia (que faz a ignição do combustível sólido), de integração e de química. Uma equipe que montava uma câmera de vídeo para registrar o lançamento também morreu.
Dos 21 mortos, 11 tinham formação superior e dez eram técnicos de nível médio. Tinham de 20 a 51 anos de idade.
Havia 110 pessoas na base na hora do acidente, e cem delas eram do CTA (Centro Técnico Aeroespacial), de São José dos Campos (SP). Nenhum militar ficou ferido no desastre.
O presidente da AEB (Agência Espacial Brasileira), Luiz Bevilacqua, afirmou aos jornalistas, em entrevista concedida no sábado: "As famílias [dos mortos] não ficarão desamparadas. Estamos prontos a dar o suporte e a suprir as suas necessidades".
O brigadeiro contou ter sido chefe de vários dos mortos, anos atrás, quando era major. "Esses companheiros tinham um sonho, que era ver o VLS voar", disse Ribeiro. Um dos mortos era filho de um vizinho seu, um militar.
Ribeiro disse que o chefe-geral do veículo, identificado apenas como Adriano (e cujo nome completo a assessoria de comunicação da Aeronáutica não soube informar, ontem), escapou por pouco do acidente. "Ele tinha acabado de sair da área [da torre]", afirmou Ribeiro.
Ao ser questionado por um repórter de TV se algum funcionário fora obrigado a acelerar o trabalho para cumprir a data do lançamento (prevista para a partir de hoje), o brigadeiro defendeu seus subordinados: "Ninguém trabalha nessa área obrigado. O salário é pequeno, mas eles têm amor pelo que fazem". (RV e FL)


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