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Equipes inteiras se perderam, diz brigadeiro
DO ENVIADO ESPECIAL A SÃO LUÍS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO LUÍS
O coordenador-geral da operação de lançamento do foguete
VLS-1 (Veículo Lançador de Satélites) no Centro de Lançamentos
de Alcântara, major-brigadeiro
Tiago da Silva Ribeiro, disse que,
entre os 21 mortos no acidente da
última sexta-feira, está o segundo
homem mais importante da base
na área de eletrônica (abaixo apenas do chefe do setor, que não estava na torre na hora do acidente).
Há, segundo Ribeiro, entre 15 e
20 chefes de setor no programa de
construção do foguete, mas nenhum morreu na sexta-feira.
"Tivemos equipes quase inteiramente dizimadas por esse acidente", disse Ribeiro. Ele contou
que morreram cinco funcionários
do setor de propulsão e que houve
também mortes nos setores de pirotecnia (que faz a ignição do
combustível sólido), de integração e de química. Uma equipe que
montava uma câmera de vídeo
para registrar o lançamento também morreu.
Dos 21 mortos, 11 tinham formação superior e dez eram técnicos de nível médio. Tinham de 20
a 51 anos de idade.
Havia 110 pessoas na base na
hora do acidente, e cem delas
eram do CTA (Centro Técnico
Aeroespacial), de São José dos
Campos (SP). Nenhum militar ficou ferido no desastre.
O presidente da AEB (Agência
Espacial Brasileira), Luiz Bevilacqua, afirmou aos jornalistas, em
entrevista concedida no sábado:
"As famílias [dos mortos] não ficarão desamparadas. Estamos
prontos a dar o suporte e a suprir
as suas necessidades".
O brigadeiro contou ter sido
chefe de vários dos mortos, anos
atrás, quando era major. "Esses
companheiros tinham um sonho,
que era ver o VLS voar", disse Ribeiro. Um dos mortos era filho de
um vizinho seu, um militar.
Ribeiro disse que o chefe-geral
do veículo, identificado apenas
como Adriano (e cujo nome completo a assessoria de comunicação
da Aeronáutica não soube informar, ontem), escapou por pouco
do acidente. "Ele tinha acabado
de sair da área [da torre]", afirmou Ribeiro.
Ao ser questionado por um repórter de TV se algum funcionário fora obrigado a acelerar o trabalho para cumprir a data do lançamento (prevista para a partir de
hoje), o brigadeiro defendeu seus
subordinados: "Ninguém trabalha nessa área obrigado. O salário
é pequeno, mas eles têm amor pelo que fazem".
(RV e FL)
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