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RÉPTEIS
Médicos e biólogos querem descobrir por que mordidas provocam infecções
Grupo do AM estuda baba de jacaré
DO ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
Baba de jacaré não parece ser lá
algo muito fascinante de estudar,
mas um grupo de médicos e biólogos do Amazonas não pensa em
outra coisa. Eles querem descobrir que tipos de bactéria moram
na saliva desses répteis, para tentar produzir um tratamento contra as mordidas do animal.
Cerca de 80% dos acidentes envolvendo seres humanos e jacarés
levam à infecção. E boa parte deles, à amputação do membro atingido pelo animal.
"São pessoas mordidas no interior e que têm de fazer viagens
longas de barco para serem tratadas em Manaus", explicou o ortopedista Nelson Carvalho de Oliveira, da Universidade do Amazonas, coordenador do estudo.
"Às vezes a infecção evolui nesse
meio tempo e é preciso amputar."
Segundo Oliveira, o objetivo do
estudo é conhecer os agentes causadores da infecção para treinar
os médicos no interior a dar o
atendimento inicial aos ribeirinhos mordidos por jacaré.
"Como ninguém sabe que bactérias estão agindo, a tendência é
dar um coquetel de antibióticos
ao paciente, o que é pouco eficaz",
afirmou o ortopedista.
Em 10 anos, 200 mordidas
Na última década, segundo o
Ibama (Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis), agência ligada ao Ministério do Meio Ambiente, cerca de 200 pessoas foram mordidas por jacaré no
Amazonas. Quatro morreram.
"Os EUA demoraram 50 anos
para chegar a essa marca", afirmou o biólogo Ronis da Silveira,
do Inpa (Instituto Nacional de
Pesquisas da Amazônia).
De quatro espécies do réptil que
vivem na região amazônica, só
duas -jacaré-açu e jacaretinga-
atacam humanos.
"A geração de ribeirinhos de
hoje nasceu numa época em que
os jacarés haviam sumido da área
visível dos rios, devido à caça",
disse Silveira. "Hoje, as populações do animal estão crescendo
nas zonas habitadas, e as pessoas
simplesmente não sabem lidar
com eles."
(CLAUDIO ANGELO)
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