São Paulo, terça-feira, 27 de junho de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Cerimônia disfarça competição entre os grupos

DE NOVA YORK

O evento começou às 10h20 (11h20 de Brasília) no salão principal da Casa Branca, em Washington, e durou cerca de 40 minutos. O presidente Bill Clinton abriu a sessão, passando a palavra depois para o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, em evento simultâneo em Londres.
Depois, foi a vez de Francis Collins, coordenador do Projeto Genoma Humano (PGH). Craig Venter, da Celera, encerrou a cerimônia. O anúncio foi feito em clima só aparente de paz. Na verdade, as duas figuras-chave da descoberta, Venter e Collins, mal se falam longe das câmeras. A trégua de ontem foi conduzida pessoalmente por Bill Clinton, que temia um desgaste da imagem do projeto se os anúncios fossem feitos em ocasiões diferentes.
As informações descobertas pelo PGH são de livre acesso. As da Celera estão disponíveis ao público, mas suas interpretações só são acessadas por assinantes -geralmente, empresas farmacêuticas como Pfizer e Upjohn, que pagam entre US$ 5 milhões e US$ 15 milhões pela assinatura.
O geneticista John Craig Venter, 53, presidente da Celera ("rapidez", em latim), é o pivô da guerra. Ex-surfista, calvo e de olhos azuis, é chamado por grande parte da comunidade científica de interesseiro, mercantilista e movido a aparições na imprensa.
Venter ganhou US$ 560 mil de salário no ano passado, tem o equivalente a US$ 351 milhões em ações da Celera, gosta de dar festas milionárias e de carros esporte. É casado com a bióloga molecular Claire Fraser e formado pela Universidade da Califórnia.
Disse em entrevista recente que abomina a figura tradicional do cientista, de avental surrado e poucos recursos.
Por ora, a Celera saiu na frente na disputa. Enquanto o consórcio pediu 15 anos e disse que gastaria US$ 3 bilhões para o sequenciamento, a empresa fez em menos de um ano e diz que gastou US$ 200 milhões. Sob pressão da Celera, o PGH fez 90% de sua decodificação nos últimos 15 meses, a um ritmo de mil "letras" por segundo.


Texto Anterior: Genoma: Anunciada decifração do código genético da espécie
Próximo Texto: Para ingleses, conquista ultrapassa a da Lua
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.