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Fapesp vai estudar viabilidade de
programa específico para o setor
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois da recusa do MCT, a
próxima parada para o projeto do
físico Cylon Gonçalves da Silva
pode ser a Fapesp (Fundação de
Amparo à Pesquisa do Estado de
São Paulo). Segundo o diretor
científico da fundação, José Fernando Perez, os dois devem ter
uma reunião, na qual o tema será
tratado, no próximo dia 6.
Ao ser questionado sobre investimento em nanotecnologia, Perez é enfático: "Não temos nenhum programa especial e não há
nenhum programa sendo preparado". A Fapesp financia diversas
pesquisas no setor, mas não há
nenhum esforço coordenado, como o que ocorreu, por exemplo,
nos seus projetos genômicos.
Por outro lado, a fundação se
diz aberta a propostas, contanto
que sua viabilidade seja demonstrada e a demanda se apresente.
"Não é a Fapesp que cria os programas. Os programas são induzidos pela própria comunidade."
Ele diz sentir que, no caso da nanotecnologia, os cientistas já começam a se mobilizar. "Recebi até
um convite para participar de
uma reunião de trabalho em junho de 2003, na Unicamp", conta.
Ainda assim, é algo que precisa
ser bem estudado. "Não é simples
lançar um programa. Eu acho que
a nanotecnologia é estratégica, é
importante, mas é ampla demais.
Se você vai lançar um programa,
precisa tomar muito cuidado."
O projeto original de Silva para
o Programa Nacional de Nanotecnologia tinha por premissa um
trabalho de dez anos, cuja meta
seria conquistar 1% do mercado
mundial de materiais e processos
baseados em nanotecnologia para
o país, gerando exportações estimadas em US$ 10 bilhões anuais.
"Nós vamos conversar sobre isso", diz Perez. "Temos todo o interesse em nos associar a propostas que tenham viabilidade. Mas é
preciso antes estudar a viabilidade que um programa assim teria."
O diretor científico não critica
diretamente a política implementada pelo MCT, mas acha perigoso o argumento de cancelar um
projeto sob o pretexto de democratizar o acesso aos recursos.
"Quando me vem à cabeça a
idéia de democratizar recursos,
penso sempre na necessidade de
um novo pacto federativo", diz
Perez. "Os Estados precisam assumir suas responsabilidades no fomento à pesquisa." Usando só os
recursos limitados da União, a
proposta da democratização pode ser perigosa, segundo ele. "Não
pode ocorrer à custa dos centros
de excelência."
(SN)
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