|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ESPAÇO
Bepposax pode atingir norte do Brasil com fragmentos de até 120 kg; objeto visto sábado era pedaço de foguete russo
Satélite italiano cai entre hoje e amanhã
DA REPORTAGEM LOCAL
Um episódio inesperado aumentou ainda mais a expectativa
com relação à queda do satélite
italiano Bepposax, que deve cair
sobre a Terra hoje ou amanhã.
Uma bola de fogo rasgou os céus
às 2h42 do último sábado, visível
na região Sudeste do Brasil.
Não era o Bepposax, que só
ameaça Estados do norte do país
(Pará, Amapá, Amazonas, Roraima, Ceará, Piauí e Maranhão),
mas outro pedaço de lixo espacial,
que voltou à Terra depois de lançado pelos russos em abril.
"Na realidade, tratava-se da
reentrada na atmosfera do quarto
estágio do foguete Próton K, que
colocou em órbita o satélite militar Kosmos-2397", informa o astrônomo Ronaldo Rogério de
Freitas Mourão, do Museu de Astronomia e Ciências Afins do Rio
de Janeiro. O fragmento pesava
mais de quatro toneladas -três
vezes a massa do Bepposax, satélite construído pela ASI (agência
espacial italiana) e lançado em
1996 para estudar os raios X emanados do espaço cósmico.
Os italianos publicaram ontem
dois relatórios com predições sobre a queda de seu satélite. A "janela de reentrada" (período em
que o objeto pode cair, levando
em conta a incerteza envolvida
nos cálculos) está cada vez mais
estreita. Agora os cientistas já podem afirmar com 90% de certeza
que o Bepposax vem ao chão entre hoje e amanhã -mais provavelmente amanhã.
O satélite italiano pode cair numa área que ocupa toda a faixa
equatorial, 4,36 acima e abaixo
da linha que divide os dois hemisférios do planeta. Pedaços de até
120 kg devem resistir ao atrito
com a atmosfera. A exclusão de
algumas das potenciais áreas de
impacto só poderá ser feita quando o objeto estiver a menos de 24
horas de seu retorno ao chão.
Até pequenos objetos podem
fazer estragos, segundo Mourão.
"É fácil imaginar os prejuízos causados por uma pequena bola, lançada a velocidade de 7 a 8 km/s.
Equivalem ao impacto de uma
caixa de 200 quilos a 100 km/h",
diz o astrônomo.
A reentrada do Bepposax foi
bem divulgada pela ASI, mas episódios similares são bastante comuns. Estima-se que de 30 a 90
pedaços com mais de 100 kg reentrem na atmosfera a cada ano.
"Aliás, nos últimos três dias, três
estágios superiores de dois foguetes russos e um norte-americano
penetraram na atmosfera terrestre. E um europeu deverá reentrar
nos próximos dois dias", diz
Mourão. "Até hoje ninguém morreu atingido por lixo espacial, mas
o perigo é preocupante."
(SN)
Texto Anterior: Brasil procura seu espaço no mercado Próximo Texto: Medicina: Célula de medula óssea pode regenerar nervos Índice
|