São Paulo, quinta-feira, 06 de outubro de 2011

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Cozinha de novela

Conheça truques para embelezar comidas cenográficas na televisão e saiba que tipo de treinamento atores do universo da gastronomia recebem para entrar em cena

GUSTAVO ALVES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

Se o bolo tiver de explodir, misture isopor à massa. Se a cena com o prato precisar ser refeita, pinceladas de azeite o deixam com novo aspecto. Gotas de azeite de dendê deixam o vatapá fotogênico.
Pratos preparados para serem exibidos em novelas exigem adaptações. Mas não podem deixar de ser gostosos.
Responsável pelas criações de René Velmont, o chef-galã de "Fina Estampa", novela das 21h da Globo, o consultor Marcelo Scofano diz que os pratos do personagem vivido por Dalton Vigh são feitos como se fossem servidos em um restaurante. Mesmo que não apareçam em cena. "A direção de arte prefere assim, dessa forma os atores entram nesse universo."
O entrosamento com o enredo a partir da culinária às vezes começa antes da primeira cena.

PAMONHA
A cozinheira Iracilda Diniz, a Cida Bahiana, fez um café com pamonhas e bolos de aipim, entre outros quitutes de Goiás, para a primeira reunião do elenco de "Araguaia", de Walter Negrão.
"Era preciso conhecer a comida para conhecer a região", afirma Bahiana, responsável pelos vatapás, carurus, bobós e xinxim de galinha que compuseram cenas de "Cordel Encantado", a recém-terminada novela das 18h da emissora.
Ela foi indicada para seu primeiro trabalho na Rede Globo por uma cliente de seu quiosque na praia da Barra da Tijuca.
Na minissérie "Dona Flor e seus Dois Maridos", ela cuidou da comida e deu aulas para Giulia Gam, a intérprete da protagonista. "Ensinava a cortar o quiabo, a pegar a colher de pau, a fazer o bolo", afirma.
Scofano também orienta Vigh sobre os gestos típicos dos cozinheiros. E ajudou a criar diálogos em que o chef fala sobre o uso do azeite, o que, para o consultor, é um serviço de utilidade pública. "O brasileiro está se tornando um grande consumidor de azeite, mas ainda não sabe usar", afirma.

REALISMO
Se Scofano e Bahiana têm de ser o mais realistas possíveis para melhorar a ficção, a doceira Sônia Claudino de Azeredo, responsável pelos bolos usados em gravações da Globo, já montou alguns de isopor, outros de massa de verdade e outros misturando os dois elementos.
"Tem novela do Walcyr [Carrasco] em que os atores destroem tudo na gravação, e aí o bolo tem de ser de verdade", afirma Claudino.
Ela também dá consultoria para "Vidas em Jogo", novela das 22h da Record, em que Denise del Vecchio é dona de uma confeitaria. "Levo bem-casados prontos e outros ela embrulha em cena", diz.
Um bolo de cinco andares que explodiu em "Caras e Bocas", de Carrasco, exigiu uma semana de trabalho na fábrica de bolos de Claudino, em Caxias, e preparo especial.
Geralmente, cada andar é sustentado por uma armação de madeira. Para seus destroços não machucarem o elenco, ela foi substituída por estrutura semelhante a um labirinto, com paredes de isopor, no meio das quais colocou o recheio de glacê.


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