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São Paulo, domingo, 14 de setembro de 2003

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REAPROVEITAMENTO

Desenvolvidas por empresas e pelo Idhea, estações de tratamento para residências ainda são caras

Reciclados, água e lixo não saem de casa

Fernando Moraes/Folha Imagem
Luciana Brandão Lisboa pôs um triturador em sua pia, o que diminuiu a quantidade de lixo


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Reutilizar a água é um processo sofisticado e ainda caro, segundo especialistas. Seu uso se restringe a fins não-potáveis, como lavar carros ou irrigar jardins.
A empresa Acqua Brasilis desenvolveu um sistema para condomínios que consiste em captar e tratar a água utilizada em lavatórios e vasos sanitários e reaproveitá-la para molhar o jardim e resfriar dutos de ar-condicionado. O processo economiza de 50% a 70% do total de água utilizada.
A engenheira civil Priscila da Cunha Teixeira, 30, concluiu em sua pesquisa de mestrado que é possível limpar até 90% da água usada em máquinas de lavar carros. No mês que vem ela começa a testar o sistema em escala real.
Mas, quando se trata de instalar um sistema desses em casa, as ações ainda são raras, especialmente por seu custo.
"Há poucas iniciativas, e nem toda água pode ser facilmente tratada, como a da cozinha, que traz resíduos de óleo e gordura, ou a do chuveiro", comenta Márcio Araújo, consultor do Idhea (Instituto para o Desenvolvimento da Habitação Ecológica).

Adubo
O Idhea desenvolveu uma miniestação de tratamento de água para uma casa com oito pessoas. Custou R$ 2.500. Para quem está na fase de projeto, a sugestão da arquiteta Roberta Kronka Mülfarth, 31, do Núcleo de Pesquisa de Tecnologia da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, é encaminhar a água que sai da pia do banheiro para o vaso sanitário ou para o jardim.
Nem tudo o que é usado precisa ser jogado fora. Quem não gosta de descartar nada tem como reaproveitar o lixo e também a água dentro de casa.
No caso do lixo, uma opção bem conhecida é encaminhar produtos recicláveis para os postos de coleta da prefeitura. No site da Secretaria de Serviços e Obras (http://portal.prefeitura.sp.gov.br/secretarias/servicoseobras), há uma lista de cooperativas que recebem material para reciclagem.
Mas os resíduos orgânicos também podem se transformar em adubo para plantas com o processo da compostagem. Ele consiste em acomodar o material orgânico em um recipiente. Depois de dois ou três meses, obtém-se um composto que pode virar adubo.
O processo demanda mais manutenção do que os trituradores, porque é preciso revolver o material, umedecê-lo e adicionar serragem ou folhas secas.
"Para cada parte de matéria orgânica, deve haver três de folhas secas, galhos, restos de varrição ou serragem", ensina Ana Maria Meira, do USP Recicla. "A decomposição só acontece quando são misturados esses componentes."
A decomposição, diferentemente das impressões que seu nome evoca, não gera mau cheiro nem atrai moscas, desde que conte com manutenção adequada.
Se houver problemas, jogar cal na composteira corrige o processo de acidificação, que dá origem a esses incômodos, diz Araújo.
Para quem mora em apartamento e não tem espaço para uma composteira, reunir vizinhos para fazer uma na parte externa do prédio é a dica da arquiteta Mülfarth. (BRUNA MARTINS FONTES)


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