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EDUCAÇÃO
Etep de São José dos Campos é pioneira na cidade
Em parceria com ONG, escola técnica garante vagas para alunos negros
FABIANA CORRÊA
FREE-LANCE PARA A FOLHA VALE
A Etep (Escola Técnica Professor Everardo Passos) de São José
dos Campos assinou, na última
sexta, convênio com a ONG Integrar Brasil que garantirá bolsas de
estudo de cursos técnicos por
quatro anos a 80 negros. Com esse
segundo convênio, a escola reafirma a política de ação afirmativa
-programas que beneficiam minorias-, somando 240 vagas para afrodescendentes.
A Etep já mantém um contrato
com a Ujad (União dos Jovens
Afrodescendentes) desde 2000.
Pelo acordo, serão atendidos,
também em quatro anos, 160 negros e descendentes.
A escola é a primeira instituição
privada de ensino de São José, que
tem 19,2% de moradores que se
declaram negros ou pardos, a oferecer uma cota de vagas a negros.
"Procuramos outras parcerias,
mas não obtivemos sucesso, por
enquanto. A idéia é inserir o negro e capacitá-lo para que seja
possível a ele competir de igual
para igual com outras pessoas",
disse Maurício Leodoro dos Santos, um dos diretores da Ujad.
Os bolsistas podem optar pelas
áreas de informática, telecomunicações, mecânica e eletrônica.
Para ingressar na escola pelo
sistema de bolsa, o aluno tem de
passar por um período preparatório de um ano, depois prestar
um vestibulinho e, se aprovado, é
admitido para cursar a área escolhida. Os cursos têm quatro anos e
mensalidade de R$ 598.
A nova parceria prevê a inserção de 60 alunos negros por ano, o
que representa 240 pessoas atendidas ou 6% do total de 3.578 matriculados. A Etep tem alunos negros que não entraram na escola
pelo sistema de cotas, mas não sabe dizer quantos são ao todo.
Além das bolsas para negros, a
escola atende 151 desempregados
por meio de um convênio com o
Sindicato dos Metalúrgicos.
Segundo a assessoria da Etep,
assim que os convênios terminarem, devem ser renovados.
Segundo Luiz Carlos Pêgas, presidente do CDT (Centro de Desenvolvimento e Tecnologia) da
Etep, a iniciativa da escola surgiu
antes de o governo discutir a
questão de cotas a negros em instituições públicas ou concursos.
"É importante que as oportunidades sejam iguais para todos. Esse projeto tem como objetivo incentivar a função social da escola.
Assim como a Etep, outras empresas e escolas deveriam dar
mais oportunidades para os negros e para quem for mais desfavorecido", disse Pêgas.
Os parceiros
A Ujad é uma ONG que existe
há dois anos em São José e presta
atendimento psicológico, social e
cultural a negros e afrodescendentes da região. Antes de chegarem à Etep os interessados passam por processo de seleção.
Criada em maio de 2002, a Integrar Brasil pretende democratizar
o ensino e valorizar a capacidade
dos negros. Segundo Sílvia Mirtes
Bernardes, da coordenação do
movimento, o objetivo é buscar
outras parcerias, ampliando as
possibilidades para os negros.
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