São Paulo, quarta-feira, 01 de janeiro de 2003

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EDUCAÇÃO

Etep de São José dos Campos é pioneira na cidade

Em parceria com ONG, escola técnica garante vagas para alunos negros

FABIANA CORRÊA
FREE-LANCE PARA A FOLHA VALE

A Etep (Escola Técnica Professor Everardo Passos) de São José dos Campos assinou, na última sexta, convênio com a ONG Integrar Brasil que garantirá bolsas de estudo de cursos técnicos por quatro anos a 80 negros. Com esse segundo convênio, a escola reafirma a política de ação afirmativa -programas que beneficiam minorias-, somando 240 vagas para afrodescendentes.
A Etep já mantém um contrato com a Ujad (União dos Jovens Afrodescendentes) desde 2000. Pelo acordo, serão atendidos, também em quatro anos, 160 negros e descendentes.
A escola é a primeira instituição privada de ensino de São José, que tem 19,2% de moradores que se declaram negros ou pardos, a oferecer uma cota de vagas a negros.
"Procuramos outras parcerias, mas não obtivemos sucesso, por enquanto. A idéia é inserir o negro e capacitá-lo para que seja possível a ele competir de igual para igual com outras pessoas", disse Maurício Leodoro dos Santos, um dos diretores da Ujad.
Os bolsistas podem optar pelas áreas de informática, telecomunicações, mecânica e eletrônica.
Para ingressar na escola pelo sistema de bolsa, o aluno tem de passar por um período preparatório de um ano, depois prestar um vestibulinho e, se aprovado, é admitido para cursar a área escolhida. Os cursos têm quatro anos e mensalidade de R$ 598.
A nova parceria prevê a inserção de 60 alunos negros por ano, o que representa 240 pessoas atendidas ou 6% do total de 3.578 matriculados. A Etep tem alunos negros que não entraram na escola pelo sistema de cotas, mas não sabe dizer quantos são ao todo.
Além das bolsas para negros, a escola atende 151 desempregados por meio de um convênio com o Sindicato dos Metalúrgicos.
Segundo a assessoria da Etep, assim que os convênios terminarem, devem ser renovados.
Segundo Luiz Carlos Pêgas, presidente do CDT (Centro de Desenvolvimento e Tecnologia) da Etep, a iniciativa da escola surgiu antes de o governo discutir a questão de cotas a negros em instituições públicas ou concursos.
"É importante que as oportunidades sejam iguais para todos. Esse projeto tem como objetivo incentivar a função social da escola. Assim como a Etep, outras empresas e escolas deveriam dar mais oportunidades para os negros e para quem for mais desfavorecido", disse Pêgas.

Os parceiros
A Ujad é uma ONG que existe há dois anos em São José e presta atendimento psicológico, social e cultural a negros e afrodescendentes da região. Antes de chegarem à Etep os interessados passam por processo de seleção.
Criada em maio de 2002, a Integrar Brasil pretende democratizar o ensino e valorizar a capacidade dos negros. Segundo Sílvia Mirtes Bernardes, da coordenação do movimento, o objetivo é buscar outras parcerias, ampliando as possibilidades para os negros.



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