da Reportagem Local

Os especialistas consideram importante diferenciar a crise depressiva -que é passageira ou tem uma causa justificável- do transtorno depressivo, doença que necessita de tratamento.
Segundo Dartiu da Silveira, a depressão é doença quando uma "tristeza intensa e sem uma razão explicável se instala por um período de pelo menos duas semanas". "A pessoa se sente triste, desanimada, sem perspectiva, se autodesvalorizando. E isso tudo numa intensidade que compromete o desempenho da pessoa, que prejudica seu trabalho."
Helena Lima, psicóloga da PUC de São Paulo, diz que, na depressão, "as noções de tempo e espaço se alteram brutalmente". "Parece que nada vai ter fim, nada poderá ser resolvido em tempo algum. Qualquer deslocamento ou atividade parece penoso e exige um dispêndio de energia insuportável para o indivíduo e incompreensível para os olhos dos outros."
Segundo ela, quem está próximo à pessoa deprimida, na maioria das vezes, incentiva-a a fazer compras, a sair de casa, a arrumar companhias ou mesmo procurar uma igreja. O amigo pode acreditar que está ajudando, mas não está. "Para quem está doente, isso é ainda mais doloroso e insuportável", diz a psicóloga.
A vítima da depressão poucas vezes pode contar com ajuda leiga, pois, no senso comum, a doença é frequentemente tratada como "falta do indivíduo", diz Helena. "Falta de competência para administrar dificuldades, falta de religiosidade, falta de confiança."
Segundo ela, "quem convive com alguém que está em processo de depressão não compreende que esse estado de espírito independe de um querer". "Ninguém quer sofrer, se descuidar, se privar de perspectivas de vida espontaneamente. O processo é muito lento e poucas vezes diagnosticado de modo correto; incorpora-se ao cotidiano do indivíduo e o faz sofrer brutalmente."
Quem entra na doença depressiva, diz Silveira, vai se sentir rejeitado ou diminuído mesmo que tudo em sua vida esteja andando bem.
"Ele precisa ser tratado. Não adianta só mudar de emprego, de curso ou de namorada."
(AB)


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