São Paulo, quarta-feira, 01 de março de 2000


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MEC considera "favorável" diagnóstico feito por relatório

da Sucursal de Brasília

O MEC considerou o relatório "Investindo na Educação" (elaborado em conjunto pela OCDE e Unesco) "favorável" ao Brasil, apesar de o país ser apontado como o campeão de repetência entre os 45 pesquisados.
"O relatório é bastante favorável, sem deixar de mostrar os problemas que nós sabemos que existem e que já haviam sido apontados no relatório anterior, divulgado em 98", afirmou ontem o ministro da Educação, Paulo Renato Souza.
O ministro concorda com a avaliação feita pela OCDE de que a "cultura da repetência" nas escolas brasileiras é o maior problema educacional do país hoje.

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Em 97, 25,8% dos alunos brasileiros matriculados no ensino fundamental já haviam repetido o ano pelo menos uma vez.
No Paraguai, país que ocupa a vice-liderança no ranking dos que mais repetem, a porcentagem de alunos do ensino fundamental que já repetiram é de 8,4%.
Paulo Renato defende que seja feita no país mobilização para acabar com a cultura da repetência semelhante à que foi feita para garantir que todas as crianças entre 7 e 14 anos fossem matriculadas nas escolas.
"Tudo o que puder ser feito para evitar a repetência deve ser feito. As escolas precisam entender que é obrigação delas fazer com que os alunos passem de ano e não o contrário", disse.

Promoção automática
O ministro chegou a defender a promoção automática como solução para acabar com os altos índices de repetência, embora tenha feito a ressalva de que essa não foi a opção adotada pelo Brasil.
"A promoção automática é pedagogicamente defensável. Não é o modelo que nós adotamos, mas é uma opção justificável. Em vários países, inclusive nos EUA e na França, é isso que acontece."
Na Malásia, é proibido reprovar alunos e na China, as escolas de 1ª a 4ª série só podem reprovar 5% de seus alunos.
"Não acho boa a opção da China de estabelecer um teto para a reprovação. Prefiro acabar de uma vez com a reprovação. Mas acho que o Brasil está no caminho certo com a adoção do sistema de ciclos", disse o ministro.
No sistema de ciclos, praticamente não há reprovação anual e a progressão é continuada.
O ministro elogiou os Estados que trocaram a divisão em séries pelos ciclos, como alternativa de combate à repetência e citou o caso de São Paulo.
"Lá o ensino fundamental foi dividido em dois ciclos de quatro anos cada e os alunos que apresentam dificuldades de aprendizado, em vez de serem reprovados no fim do ano são submetidos a reforço escolar nas férias", disse Paulo Renato. (DF)


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