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MEDICAMENTOS
Margem de lucro da indústria farmacêutica é de 45%; cervejas têm margem de 33% e cigarros, 23,5%
Laboratório tem margem de lucro de 45%
VALÉRIA DE OLIVEIRA
free-lance para Folha
ABNOR GONDIM
da Sucursal de Brasília
O secretário da Receita Federal,
Everardo Maciel, disse ontem durante depoimento feito à CPI dos
Medicamentos que o setor de remédios tem uma margem de lucro maior que o de cigarros e o de
cervejas.
As empresas do setor de medicamentos, disse o secretário, têm
margem de lucro de 45%, enquanto o de cervejas tem margem
de 33% e o de cigarros, 23,5%.
O presidente da Abifarma (Associação Brasileira da Indústria
Farmacêutica), José Eduardo
Bandeira de Mello, disse que "é
natural" que a indústria farmacêutica tenha uma margem de lucros maior que a de cigarros e cervejas porque esses outros setores
vendem em grande quantidade e
a margem pode ser menor.
"Não dá para fazer essa comparação. Seria absurdo que uma indústria de bens de consumo, que
vende seus produtos em grandes
quantidades, tenha lucros maiores que a farmacêutica, um setor
nobre, de bem social", diz.
Maciel defendeu também em
seu depoimento a quebra do sigilo bancário dos laboratórios para
que seja feita uma investigação
mais profunda sobre abuso de
preços dos remédios.
"Se é para uma ação de fiscalização (nas empresas), não considero importante, considero indispensável", disse Maciel, ao responder a uma pergunta do deputado Geraldo Magela (PT-DF) sobre a necessidade da devassa para
investigar 21 laboratórios acusados de formar cartel contra os
medicamentos genéricos.
Maciel disse que o superfaturamento existe no setor, mas que
"não constitui ilícito ou crime do
ponto de vista fiscal". Isso não significa, segundo ele, que não deva
haver uma investigação sobre o
abuso de preços e a correlação dele com o superfaturamento.
A expectativa dos parlamentares era a de que as empresas pudessem ser punidas por comprar
insumos com diferenças de preços de até 5.200%.
Segundo Maciel, uma empresa
pode importar produtos mais caros, desde que pague os impostos
devidos.
Hoje, a CPI vota dois requerimentos sobre a quebra de sigilo
bancário. Um deles, de Fernando
Zuppo (PDT-SP) prevê também a
devassa no sigilo telefônico.
Outro pedido, do relator Ney
Lopes (PFL-RN), enumera quesitos a serem respondidos pelo
Banco Central e não inclui devassa telefônica.
Hoje, a CPI deve votar, também,
o pedido de prorrogação da CPI,
que termina no próximo dia 16,
por mais 60 dias. Se aprovada, a
proposta do deputado Magela deve ser remetida à Mesa Diretora
da Câmara para ser votada em
plenário.
Pedido do CRF
O CRF (Conselho Regional de
Farmácia) do Distrito Federal ingressou ontem com um pedido de
quebra de sigilo bancário dos 21
laboratórios acusados de formar
cartel contra os genéricos.
O pedido foi entregue à Procuradoria da República no Distrito
Federal.
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