São Paulo, quarta-feira, 01 de março de 2000


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Tráfico expulsa 450 favelados em SP

da Reportagem Local

Pelo menos 450 moradores de duas favelas da Vila Prudente (zona leste de São Paulo) estão sendo ameaçados de morte e obrigados a abandonar seus barracos. Criminosos deram prazo até o Carnaval para as favelas serem esvaziadas. Nos últimos quatro dias, 30% dos 109 barracos foram abandonados.
A Polícia Militar iniciou uma prontidão no local, ontem à tarde. De dezembro até a última sexta-feira, a Polícia Civil registrou quatro casos de chacinas nas duas favelas, com um total de 23 moradores mortos. Até ontem, nenhum criminoso tinha sido preso.
A presença da PM nas duas favelas, conhecidas como Paraguai e Sem Terra, não aplacou o desespero dos moradores. Pelo menos duas mudanças foram feitas no final da tarde, meia depois da chegada de quatro veículos com 18 policiais militares.
Depois da última chacina, ocorrida na sexta, o telefone público que atende às favelas passou a servir de veículo para as ameaças.
"Quando a gente atende, pensando que é uma ligação comum, eles já avisam que querem a área limpa e que vão matar quem estiver aqui depois do Carnaval", disse Vagner (nome fictício).
Ele afirmou que já recebeu dois telefonemas e explicou que as ameaças são anunciadas constantemente, a qualquer morador que atenda ao telefone.
Vagner decidiu engrossar a fuga dos vizinhos, embora não tenha destino certo em São Paulo. "Vou para algum viaduto, o que não posso é ficar esperando matarem meus dois filhos."
Os moradores de ambas as favelas estão acostumados a conviver com a criminalidade, principalmente com o tráfico de drogas.
"Justamente por isso estamos com medo. Nunca vi traficante fazer isso. Nenhum dos mortos de sexta-feira tinha problemas com eles", considerou Mário (nome fictício de outro morador).
Alguns moradores acreditam que o motivo dos assassinatos e da desocupação forçada seja só uma demonstração de poder de traficantes de Heliópolis.


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