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Tráfico expulsa 450 favelados em SP
da Reportagem Local
Pelo menos 450 moradores de
duas favelas da Vila Prudente (zona leste de São Paulo) estão sendo
ameaçados de morte e obrigados
a abandonar seus barracos. Criminosos deram prazo até o Carnaval para as favelas serem esvaziadas. Nos últimos quatro dias,
30% dos 109 barracos foram
abandonados.
A Polícia Militar iniciou uma
prontidão no local, ontem à tarde.
De dezembro até a última sexta-feira, a Polícia Civil registrou quatro casos de chacinas nas duas favelas, com um total de 23 moradores mortos. Até ontem, nenhum criminoso tinha sido preso.
A presença da PM nas duas favelas, conhecidas como Paraguai
e Sem Terra, não aplacou o desespero dos moradores. Pelo menos
duas mudanças foram feitas no final da tarde, meia depois da chegada de quatro veículos com 18
policiais militares.
Depois da última chacina, ocorrida na sexta, o telefone público
que atende às favelas passou a servir de veículo para as ameaças.
"Quando a gente atende, pensando que é uma ligação comum,
eles já avisam que querem a área
limpa e que vão matar quem estiver aqui depois do Carnaval", disse Vagner (nome fictício).
Ele afirmou que já recebeu dois
telefonemas e explicou que as
ameaças são anunciadas constantemente, a qualquer morador que
atenda ao telefone.
Vagner decidiu engrossar a fuga
dos vizinhos, embora não tenha
destino certo em São Paulo. "Vou
para algum viaduto, o que não
posso é ficar esperando matarem
meus dois filhos."
Os moradores de ambas as favelas estão acostumados a conviver
com a criminalidade, principalmente com o tráfico de drogas.
"Justamente por isso estamos
com medo. Nunca vi traficante fazer isso. Nenhum dos mortos de
sexta-feira tinha problemas com
eles", considerou Mário (nome
fictício de outro morador).
Alguns moradores acreditam
que o motivo dos assassinatos e
da desocupação forçada seja só
uma demonstração de poder de
traficantes de Heliópolis.
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