JOÃO CARLOS SILVA
da Reportagem Local

A Receita Federal recuou ontem de sua decisão de não ajudar o Instituto de Criminalística de São Paulo na apuração do caso de vazamento de dados de supostos 17 milhões de contribuintes e destacou três funcionários para prestar informações a peritos.
Os funcionários vão comparecer hoje ao instituto. Lá, poderão ter acesso pela primeira vez aos dados que estavam sendo comercializados em São Paulo pelo vendedor Jefferson Festa Perez. Além dele, há outros três suspeitos (veja quadro nesta página).
A polícia apreendeu o material no dia 19 de janeiro e espera um laudo para comprovar a suspeita de vazamento de dados, a origem das informações e, se houver dados, encontrar mais suspeitos de envolvimento no caso.
O instituto tinha enviado à Receita ofício pedindo informações na terça-feira passada, mas não tinha obtido resposta até anteontem. Em Brasília, a Receita Federal disse anteontem à Folha que não ajudaria no caso.
O órgão alegou que não teria como opinar sobre o banco de dados apreendido pela polícia sem ter cópia do material. Sem o material, avisou que também não tem como investigar a possível participação de funcionários da Receita no vazamento de dados.
A Polícia Civil de São Paulo não forneceu os dados porque eles estão sendo analisados por peritos e por acreditar que a Receita não precisa ter o material para ajudar na apuração.

Encontro
Ontem, funcionários da Receita Federal estiveram no 5º DP, onde o caso está sendo investigado, e acertaram para prestar hoje informações a peritos do Instituto de Criminalística.
O encontro foi intermediado pelo delegado Manoel Adamuz Neto.
Ao marcar o encontro de hoje, funcionários da Receita Federal disseram ao diretor do instituto, Valdir Santoro, que o ofício encaminhado ao órgão não tinha sido respondido por um "desencontro de informações".
Dos funcionários da Receita, peritos querem informações técnicas sobre o banco de dados do órgão para compará-las às do cadastro que Perez oferecia.
Os dados da Receita Federal podem ser fundamentais para que os peritos apontem em um laudo, que deverá ser divulgado esta semana, se o cadastro com supostos dados de contribuintes vazaram mesmo.
Ontem, a Folha divulgou que, sem as informações da Receita Federal, havia o risco de os peritos não conseguirem informações suficientes para elaborar o laudo sobre o material com dados de contribuintes.
No caso da Telefônica, de São Paulo, e da Telemar, do Rio de janeiro, o vazamento de dados, que também estavam sendo oferecidos por Perez, já foi confirmado.
A confirmação ocorreu a partir de informações prestadas por funcionários das empresas, após ofício encaminhado pelo instituto às operadoras no último dia 22, mesma data em que dados foram solicitados à Receita.


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