São Paulo, quarta-feira, 01 de março de 2006

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VIOLÊNCIA

Andrea Matarazzo foi rendido quando caminhava com a mulher e atacou a falta de segurança, a cargo de Alckmin

Secretário de Serra é assaltado na rua

DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário de Serviços de São Paulo, Andrea Matarazzo, foi assaltado ontem, por volta das 10h30, em pleno Jardim América, região nobre da cidade. Ele e a mulher, Sônia, foram rendidos por dois homens armados com pistolas automáticas, na esquina das ruas Espanha e Groenlândia.
Andrea, que é um dos principais auxiliares do prefeito José Serra (PSDB), andou sob a mira de um revólver por cerca de 30 metros até entregar seu relógio, um Rolex, enquanto, do outro lado da rua, sua mulher era acuada pelo outro assaltante. Ele não carregava a carteira. Em 27 de fevereiro de 2005, cinco homens armados invadiram sua casa, no Morumbi. Ficaram lá três horas e levaram até um cofre fechado.
Ele diz que, à época, preferiu se calar. Mas, ontem, com a reincidência -ou vencido aquilo que chamou de "prazo de validade de um ano para novo assalto"-, decidiu protestar e criticou a falta de segurança, a cargo do governador Geraldo Alckmin, que trava uma disputa com Serra para se candidatar à Presidência pelo PSDB.
"Não me sinto seguro nem em casa nem na rua", queixou-se Andrea, após registrar ocorrência no 78º DP. "Da rua Espanha até a Estados Unidos [onde fica o distrito policial], não encontrei um policial para nos ajudar. Nos Jardins, a segurança é privada", reclamou.
Também subprefeito da Sé, Andrea irrita-se ao descrever a naturalidade dos dois assaltantes. O casal caminhava pelos Jardins quando a dupla passou de carro, um modelo Audi A3 prateado.
Segundo Andrea, os assaltantes voltaram minutos depois. Um deles saltou do carro e atravessou a rua já com a arma na mão. O assaltante pressionava a arma contra sua barriga enquanto Sônia era levada pelo outro homem.
"Cerca de três minutos depois, os dois entraram no carro com a maior tranqüilidade. Na delegacia, disseram que os dois costumam atuar por ali", disse ele. "As pessoas olhavam, corriam, sem saber a quem pedir ajuda. Minha indignação é com a certeza deles de que nada vai acontecer. Você fica com a cara de cidadão infeliz. É o máximo que você pode fazer."
Andrea lembra do estardalhaço provocado pelo empresário Antônio Ermírio de Moraes, quando assaltado, em janeiro, para justificar seu comportamento de agora.
Ele diz que, embora tenha dado as informações à polícia há um ano -quando cinco homens entraram em sua casa com uniforme da Brastemp-, nada aconteceu. Já os bens do empresário foram encontrados pouco depois de ele dar publicidade ao assalto.
"Perguntam o que eu acho que deveria ser feito. Não sou especialista. Mas eu sei que alguma coisa está errada", diz o secretário.
Segundo Andrea, pessoas com quem conversou comemoraram por ter sido um "assalto normal", sem vítimas fatais. "Como normal? Isso não acontece em lugar nenhum do mundo", diz. "Quem sabe vai precisar acontecer uma tragédia para melhorar?".
Ele afirma que não alimenta a expectativa de reaver o relógio. Diz que só registrou a ocorrência na esperança de que seja bloqueado caso o novo dono leve o aparelho para o conserto. "[Na delegacia], é superboa a vontade de todo mundo. Resultado, nenhum."
Andrea contou ter recebido um telefonema da polícia, mas não retornou. Disse que não tinha mais nada a fazer. Ele alega que essa não é uma crítica ao governo Alckmin, mas uma constatação. "Falta policiamento ostensivo. Lá, o nervoso era eu. O ladrão não estava nem aí."


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