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VIOLÊNCIA
Andrea Matarazzo foi rendido quando caminhava com a mulher e atacou a falta de segurança, a cargo de Alckmin
Secretário de Serra é assaltado na rua
DA REPORTAGEM LOCAL
O secretário de Serviços de São
Paulo, Andrea Matarazzo, foi assaltado ontem, por volta das
10h30, em pleno Jardim América,
região nobre da cidade. Ele e a
mulher, Sônia, foram rendidos
por dois homens armados com
pistolas automáticas, na esquina
das ruas Espanha e Groenlândia.
Andrea, que é um dos principais auxiliares do prefeito José
Serra (PSDB), andou sob a mira
de um revólver por cerca de 30
metros até entregar seu relógio,
um Rolex, enquanto, do outro lado da rua, sua mulher era acuada
pelo outro assaltante. Ele não carregava a carteira. Em 27 de fevereiro de 2005, cinco homens armados invadiram sua casa, no
Morumbi. Ficaram lá três horas e
levaram até um cofre fechado.
Ele diz que, à época, preferiu se
calar. Mas, ontem, com a reincidência -ou vencido aquilo que
chamou de "prazo de validade de
um ano para novo assalto"-, decidiu protestar e criticou a falta de
segurança, a cargo do governador
Geraldo Alckmin, que trava uma
disputa com Serra para se candidatar à Presidência pelo PSDB.
"Não me sinto seguro nem em
casa nem na rua", queixou-se Andrea, após registrar ocorrência no
78º DP. "Da rua Espanha até a Estados Unidos [onde fica o distrito
policial], não encontrei um policial para nos ajudar. Nos Jardins,
a segurança é privada", reclamou.
Também subprefeito da Sé, Andrea irrita-se ao descrever a naturalidade dos dois assaltantes. O
casal caminhava pelos Jardins
quando a dupla passou de carro,
um modelo Audi A3 prateado.
Segundo Andrea, os assaltantes
voltaram minutos depois. Um deles saltou do carro e atravessou a
rua já com a arma na mão. O assaltante pressionava a arma contra sua barriga enquanto Sônia
era levada pelo outro homem.
"Cerca de três minutos depois,
os dois entraram no carro com a
maior tranqüilidade. Na delegacia, disseram que os dois costumam atuar por ali", disse ele. "As
pessoas olhavam, corriam, sem
saber a quem pedir ajuda. Minha
indignação é com a certeza deles
de que nada vai acontecer. Você
fica com a cara de cidadão infeliz.
É o máximo que você pode fazer."
Andrea lembra do estardalhaço
provocado pelo empresário Antônio Ermírio de Moraes, quando
assaltado, em janeiro, para justificar seu comportamento de agora.
Ele diz que, embora tenha dado
as informações à polícia há um
ano -quando cinco homens entraram em sua casa com uniforme
da Brastemp-, nada aconteceu.
Já os bens do empresário foram
encontrados pouco depois de ele
dar publicidade ao assalto.
"Perguntam o que eu acho que
deveria ser feito. Não sou especialista. Mas eu sei que alguma coisa
está errada", diz o secretário.
Segundo Andrea, pessoas com
quem conversou comemoraram
por ter sido um "assalto normal",
sem vítimas fatais. "Como normal? Isso não acontece em lugar
nenhum do mundo", diz. "Quem
sabe vai precisar acontecer uma
tragédia para melhorar?".
Ele afirma que não alimenta a
expectativa de reaver o relógio.
Diz que só registrou a ocorrência
na esperança de que seja bloqueado caso o novo dono leve o aparelho para o conserto. "[Na delegacia], é superboa a vontade de todo
mundo. Resultado, nenhum."
Andrea contou ter recebido um
telefonema da polícia, mas não
retornou. Disse que não tinha
mais nada a fazer. Ele alega
que essa não é uma crítica ao governo Alckmin, mas uma constatação. "Falta policiamento ostensivo. Lá, o nervoso era eu. O ladrão não estava nem aí."
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