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Resultados de pesquisas podem ser revistos
DA SUCURSAL DO RIO
As mudanças nos critérios de
apresentação e cálculo de estatísticas da violência no Rio podem
levar estudiosos a reverem resultados de pesquisas. Essa é a opinião de um dos maiores especialistas no assunto, o sociólogo Ignácio Cano, da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro).
A polêmica sobre os indicadores foi levantada pelos novos dirigentes da Secretaria de Segurança
Pública, empossados em abril pela governadora Benedita da Silva
(PT). Eles acusaram o governo de
Anthony Garotinho (PSB), antecessor de Benedita, de manipular
os números da violência para produzir resultados favoráveis.
"Quem estiver usando dados do
governo vai ter que rever. No caso
dos roubos a pedestres, isso estava claramente distorcido, porque
não era divulgado o conjunto de
todos os roubos para efeito de
comparação." No final de 2000, o
Estado deixou de incluir roubos
de celulares nas estatísticas de assaltos a pedestres no "Diário Oficial". "É difícil provar se houve
má-fé, mas esse exemplo serve
para mostrar como uma divulgação parcial pode ser enganosa. Pelos números, parecia haver uma
trajetória descendente, quando,
na verdade, ela era ascendente,
somando-se o furto de celulares."
Para o pesquisador Túlio Khan,
do Ilanud (Instituto Latino-Americano das Nações Unidas para a
Prevenção do Delito), não haveria
problema em separar nas estatísticas de roubos a pedestres os casos de roubo de celulares, desde
que os dados fossem apresentados em conjunto. "É legítimo separar um tipo de crime para facilitar o estudo de um novo fenômeno, mas é preciso deixar isso claro
para permitir a comparação com
os indicadores anteriores", disse.
A coordenadora de Segurança
do Estado, Jacqueline Muniz,
anunciou que o governo está ouvindo pesquisadores para mudar
a maneira de apresentar os dados
no "Diário Oficial". Segundo ela,
o Estado usará dados da Polícia
Civil no caso de furtos de veículos,
outro indicador em que a nova secretaria apontou subnotificação.
Para ela, o registro da polícia indica sempre um número maior que
o do Proderj (Centro de Processamento de Dados do Estado do Rio
de Janeiro), usado anteriormente.
O registro de outros casos de
mortes violentas, como em confronto com a polícia e encontro de
cadáveres, também será apresentado no "Diário Oficial". Esses indicadores não entravam nas estatísticas de homicídios do Estado.
Garotinho nega as acusações de
manipulação, argumentando que
os roubos de celulares não eram
contabilizados na estatística geral
porque muitas pessoas que davam queixa tinham, na verdade,
perdido o aparelho. No caso de
furtos de veículos, ele disse que
muitos dos registros de ocorrência do crime eram, na verdade, casos em que o carro havia sido rebocado sem o dono saber. Sobre
os homicídios, Garotinho afirma
que a decisão de não incluir mortos em confrontos com a polícia e
encontro de cadáveres já era adotada por outros governos.
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