São Paulo, sábado, 01 de junho de 2002

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Plano não trata do problema

DA REPORTAGEM LOCAL

O Plano Diretor em trâmite na Câmara Municipal, na opinião dos urbanistas ouvidos pela Folha, trata do quanto as construtoras poderão erguer de prédios e se esquece do adensamento desigual da cidade.
"Uma das maiores patologias de São Paulo é a densidade, que é baixa. A população está esparramada, o que demanda uma grande circulação. Uma capital como Paris [França", com prédios muito mais baixos que os nossos, de quatro ou cinco andares, é muito mais densa na região centralizada", diz Renato Cymbalista.
O fenômeno da densidade desigual de São Paulo foi levantado pela urbanista Raquel Rolnik, quando coordenava a elaboração da proposta de Plano Diretor da gestão Luiza Erundina (1989-92).
Na época, constatou-se que a verticalização não servia, em São Paulo, para adensar a população em torno da região mais valorizada da cidade. Ao invés disso, a maior parte dos paulistanos vive na periferia, onde não há prédios, porém cada morador tem até 10 m2 de área para viver.
"Se casas ou prédios, se altos ou baixos, é uma discussão de formato. O que importa é saber: até quantas pessoas podem viver numa região sem perder qualidade de vida?", diz o urbanista espanhol José Maria Botey, coordenador do programa de recuperação de Barcelona, que visitou São Paulo na última semana.
O urbanista e professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP Luiz Carlos Costa considera que o adensamento tem de ser explicitado. "Sem definir a saturação e acessibilidade do sistema viário, não é possível saber onde estão as áreas a serem adensadas. Não se pode mexer no processo de produção imobiliária sem controle dos efeitos", diz.



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