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Plano não trata do problema
DA REPORTAGEM LOCAL
O Plano Diretor em trâmite na
Câmara Municipal, na opinião
dos urbanistas ouvidos pela Folha, trata do quanto as construtoras poderão erguer de prédios e se
esquece do adensamento desigual
da cidade.
"Uma das maiores patologias
de São Paulo é a densidade, que é
baixa. A população está esparramada, o que demanda uma grande circulação. Uma capital como
Paris [França", com prédios muito mais baixos que os nossos, de
quatro ou cinco andares, é muito
mais densa na região centralizada", diz Renato Cymbalista.
O fenômeno da densidade desigual de São Paulo foi levantado
pela urbanista Raquel Rolnik,
quando coordenava a elaboração
da proposta de Plano Diretor da
gestão Luiza Erundina (1989-92).
Na época, constatou-se que a
verticalização não servia, em São
Paulo, para adensar a população
em torno da região mais valorizada da cidade. Ao invés disso, a
maior parte dos paulistanos vive
na periferia, onde não há prédios,
porém cada morador tem até 10
m2 de área para viver.
"Se casas ou prédios, se altos ou
baixos, é uma discussão de formato. O que importa é saber: até
quantas pessoas podem viver numa região sem perder qualidade
de vida?", diz o urbanista espanhol José Maria Botey, coordenador do programa de recuperação
de Barcelona, que visitou São
Paulo na última semana.
O urbanista e professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP Luiz Carlos Costa
considera que o adensamento
tem de ser explicitado. "Sem definir a saturação e acessibilidade do
sistema viário, não é possível saber onde estão as áreas a serem
adensadas. Não se pode mexer no
processo de produção imobiliária
sem controle dos efeitos", diz.
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