São Paulo, quinta-feira, 01 de julho de 2004

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PESQUISA

Doentes mentais têm mais casos de Aids/HIV

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Pouco se sabe sobre as práticas sexuais dos doentes mentais. E quase nada se conhece sobre seus cuidados de prevenção à Aids e a outras doenças sexualmente transmissíveis.
Em Belo Horizonte, um primeiro estudo feito numa população de 600 internos de dois hospitais psiquiátricos revelou que 1,7% tinha HIV/Aids. É três vezes mais que entre a população sexualmente ativa das grandes cidades. Em vários países, verifica-se que essa taxa entre pacientes psiquiátricos chega a 3%.
Trata-se de um levantamento piloto que o Ministério da Saúde está começando na capital mineira e que pretende estender a todos os hospitais psiquiátricos e Caps (Centros de Atenção Psicossocial) do país.
"Os testes só são feitos depois que o paciente é informado e manifesta seu consentimento", diz a psicóloga Katia Galbinski, do Programa Nacional de DST/Aids. A vantagem é que os pacientes mentais com uma doença podem ser tratados logo.
No país, ainda há 48.300 pacientes mentais vivendo em hospitais, a grande maioria em enfermarias separadas por sexo. Nas cerca de 200 residências terapêuticas existentes no país, a maioria delas abriga homens e mulheres em quartos separados.

Sexo seguro
A pesquisa do Ministério da Saúde permitirá conhecer práticas de saúde, alcoolismo, consumo de drogas e hábitos sexuais.
O desafio do sexo seguro para esses pacientes já vem sendo enfrentado há quatro anos, quando o governo federal passou a treinar profissionais que trabalham com essa população. Além de informação sobre como prevenir a contaminação com o HIV, pacientes mentais sexualmente ativos recebem camisinhas.
A informação sobre a pesquisa foi dada ontem por Pedro Gabriel Delgado, coordenador Nacional de Saúde Mental, durante o 1º Congresso Brasileiro de Caps, que termina hoje em São Paulo.
O eixo principal do encontro foi a experiência dos Centros de Atenção Psicossocial e a reforma dos manicômios.
"Ao fechar hospitais e levar para casa milhares de pacientes, estamos diante de uma grande reforma reconhecida mundialmente", afirma Delgado.

Papo Cabeça
Outro tema de destaque do congresso foi o crescimento dos programas de rádio conduzidos por pacientes mentais.
Depois da pioneira rádio Tantã, de Santos, já há iniciativas em Campinas, Pelotas (RS), Florianópolis (SC), Amparo (SP) e Maracambi (RJ), entre outras cidades. Ontem, vários locutores dessas rádios faziam entrevistas pelos corredores do congresso.
No programa Papo Cabeça, da emissora de Amparo, pacientes saem às ruas ouvindo pessoas sobre diversos temas. O último programa tratou do "amor". Foram entrevistados um padre, um homossexual e um tetraplégico que tem uma namorada.


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