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PESQUISA
Doentes mentais têm mais casos de Aids/HIV
AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Pouco se sabe sobre as práticas
sexuais dos doentes mentais. E
quase nada se conhece sobre seus
cuidados de prevenção à Aids e a
outras doenças sexualmente
transmissíveis.
Em Belo Horizonte, um primeiro estudo feito numa população
de 600 internos de dois hospitais
psiquiátricos revelou que 1,7% tinha HIV/Aids. É três vezes mais
que entre a população sexualmente ativa das grandes cidades.
Em vários países, verifica-se que
essa taxa entre pacientes psiquiátricos chega a 3%.
Trata-se de um levantamento
piloto que o Ministério da Saúde
está começando na capital mineira e que pretende estender a todos
os hospitais psiquiátricos e Caps
(Centros de Atenção Psicossocial)
do país.
"Os testes só são feitos depois
que o paciente é informado e manifesta seu consentimento", diz a
psicóloga Katia Galbinski, do
Programa Nacional de DST/Aids.
A vantagem é que os pacientes
mentais com uma doença podem
ser tratados logo.
No país, ainda há 48.300 pacientes mentais vivendo em hospitais,
a grande maioria em enfermarias
separadas por sexo. Nas cerca de
200 residências terapêuticas existentes no país, a maioria delas
abriga homens e mulheres em
quartos separados.
Sexo seguro
A pesquisa do Ministério da
Saúde permitirá conhecer práticas de saúde, alcoolismo, consumo de drogas e hábitos sexuais.
O desafio do sexo seguro para
esses pacientes já vem sendo enfrentado há quatro anos, quando
o governo federal passou a treinar
profissionais que trabalham com
essa população. Além de informação sobre como prevenir a
contaminação com o HIV, pacientes mentais sexualmente ativos recebem camisinhas.
A informação sobre a pesquisa
foi dada ontem por Pedro Gabriel
Delgado, coordenador Nacional
de Saúde Mental, durante o 1º
Congresso Brasileiro de Caps, que
termina hoje em São Paulo.
O eixo principal do encontro foi
a experiência dos Centros de
Atenção Psicossocial e a reforma
dos manicômios.
"Ao fechar hospitais e levar para
casa milhares de pacientes, estamos diante de uma grande reforma reconhecida mundialmente",
afirma Delgado.
Papo Cabeça
Outro tema de destaque do congresso foi o crescimento dos programas de rádio conduzidos por
pacientes mentais.
Depois da pioneira rádio Tantã,
de Santos, já há iniciativas em
Campinas, Pelotas (RS), Florianópolis (SC), Amparo (SP) e Maracambi (RJ), entre outras cidades. Ontem, vários locutores dessas rádios faziam entrevistas pelos corredores do congresso.
No programa Papo Cabeça, da
emissora de Amparo, pacientes
saem às ruas ouvindo pessoas sobre diversos temas. O último programa tratou do "amor". Foram
entrevistados um padre, um homossexual e um tetraplégico que
tem uma namorada.
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