São Paulo, quinta-feira, 01 de julho de 2004

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SEGURANÇA

Universidade Estácio de Sá terá de pagar R$ 950 mil a estudante que ficou tetraplégica ao ser atingida por bala perdida

Faculdade terá de indenizar aluna baleada

DA FOLHA ONLINE, NO RIO
DA SUCURSAL DO RIO

A Universidade Estácio de Sá, do Rio, foi condenada na última segunda-feira a pagar indenização de R$ 950 mil à estudante Luciana de Novaes, 20, e à sua família. Ela foi atingida por uma bala perdida no campus da universidade, em 5 de maio de 2003.
Luciana está tetraplégica, sem movimentos do pescoço para baixo, e segue internada desde então. Do total de R$ 950 mil, R$ 400 mil são referentes a uma condenação por dano moral e R$ 200 mil, por dano estético. A Justiça também determinou que a universidade pague R$ 350 mil à família da estudante por danos morais.
De acordo com o juiz responsável pela decisão, Alexandre de Carvalho Mesquita, a universidade terá de pagar à estudante uma pensão de um salário mínimo até que ela complete 65 anos, além de destinar recursos suficientes para cobrir suas despesas médicas. A universidade informou que não vai se pronunciar sobre o assunto.
Até agora a polícia não sabe quem atirou ou de onde partiu o tiro que atingiu Luciana, se do próprio campus ou do morro acima do muro nos fundos da universidade. A investigação foi dificultada pelo fato de parte das imagens captadas no dia do crime pelo circuito interno de TV terem sido apagadas. As imagens que sumiram incluíam o momento em que Luciana foi atingida, quando lanchava na lanchonete do campus, próxima ao muro.
O laudo de reconstituição do crime, divulgado pela Secretaria de Segurança do Estado em janeiro, não esclareceu de onde partiu o tiro de pistola calibre .40 nem de que distância foi feito o disparo.
Para a Polícia Civil, há dois suspeitos para o crime: Cleiton Ângelo da Cunha, preso em dezembro de 2003 num assalto com a pistola de onde partiu o tiro que atingiu a estudante, e Elton dos Santos, o Batata, preso no ano passado.
Segundo a polícia, Santos, traficante do morro do Turano (vizinho à Estácio), confessou ser o autor do tiro em conversa com policiais. No depoimento oficial, negou envolvimento com o caso.
Em dezembro passado, Luciana recuperou a fala, com a ajuda de um aparelho que a faz respirar pela traquéia. "Lembro que senti vontade de não ir para a faculdade naquele dia. Cheguei a me levantar por duas vezes do ônibus. Se Deus me deixou ir para a faculdade, é porque Ele tinha um plano para mim, e estou cumprindo minha missão na vida", disse ela, em entrevista à Folha, há dois meses.


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