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SAÚDE
Pessoas com 60 anos ou mais morrem por causas externas em proporção próxima à do grupo de 15 a 29 anos, o de maior risco
Idosos têm alta taxa de morte por acidente
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
A taxa de mortalidade por causas externas (exclui as doenças)
entre a população com 60 anos ou
mais, em 2000, foi equivalente ao
da faixa de adolescentes e adultos
jovens, considerada de alto risco
para os acidentes e violências.
Estudo baseado em dados do
SUS (Sistema Único de Saúde)
constatou que 92,1 idosos por
grupo de 100.000 morreram por
causas externas. Na faixa etária
mais suscetível às mortes por essas causas, a de 15 a 29 anos, a taxa
foi 96,9 por 100.000.
O trabalho -realizado no ano
passado no Centro de Controle e
Prevenção de Doenças, em Atlanta (EUA), pelas pesquisadoras
Vilma Pinheiro Gawryszewski,
Maria Helena Prado de Mello Jorge e Maria Sumie Koizumi- foi
apresentado no mês passado na
7ª Conferência Mundial de Causas Externas, na Áustria.
"Se em números absolutos os
idosos não chamam a atenção, o
mesmo não pode ser afirmado
em relação aos coeficientes", afirma o estudo, que destaca a necessidade de o país investir mais na
qualidade de vida dos idosos.
A médica Vilma Pinheiro
Gawryszewski, da Secretaria de
Estado de Saúde de São Paulo,
disse que, para ela, foi uma surpresa os coeficientes apurados no
trabalho. O estudo analisou
13.383 óbitos e 87.177 internações
por acidentes e violências de pessoas com 60 anos ou mais.
Acidentes de trânsito
Entre as causas externas, os acidentes de trânsito foram o principal motivo das mortes dos idosos
brasileiros. Foram 25,3 mortes
por grupo de 100.000 pessoas,
sendo que os atropelamentos foram 48,2% do total analisado de
3.676 idosos mortos no trânsito.
O estudo lista a autoconfiança
do idoso como um dos motivos
de mortes por causas externas. O
fato de o idoso atual ter outro estilo de vida, comparado com as gerações passadas, e um comportamento mais saudável, segundo
Gawryszewski, faz ele se sentir
mais seguro, mas não leva em
conta o fato de ter limitações de
agilidade, de visão e audição, por
exemplo, por mais que mantenha
uma boa atividade física.
Quedas e fraturas
As quedas estão diretamente relacionadas com a redução da agilidade. Foi a terceira causa de
mortes por acidentes e o que mais
levou os idosos para os hospitais
(56,1% dos casos analisados).
Quanto a esse tipo de acidente,
chama a atenção o fato de as mulheres idosas serem mais numerosas em relação aos internamentos. É a única vez em que elas aparecem na estatística na frente dos
homens. Uma explicação para isso é a osteoporose, ou seja, rarefação óssea ou atrofia do tecido esquelético. "Cabe lembrar que a
osteoporose, que é considerada
fator de risco para fraturas, tem
maior incidência entre as mulheres e é uma doença diagnosticável, tratável e evitável, sendo que
na maioria dos casos a prevenção
não é dispendiosa", diz o estudo.
Demais acidentes
A segunda maior causa da morte acidental de idosos foram os
"demais acidentes" (23,8 por
100.000), que inclui afogamentos,
fogo e riscos à respiração.
Segundo levantamento da Organização Mundial da Saúde, o
suicídio é a maior causa de morte
violenta no mundo. Em 2000, foram responsáveis por cerca de
metade das mortes dos idosos,
enquanto os homicídios causaram um terço delas. Mas no Brasil
isso não se verificou. Os homicídios foram 9,5 por 100.000 mil e os
suicídios, 6,9 por 100.000.
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