São Paulo, quinta-feira, 01 de julho de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SAÚDE

Pessoas com 60 anos ou mais morrem por causas externas em proporção próxima à do grupo de 15 a 29 anos, o de maior risco

Idosos têm alta taxa de morte por acidente

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

A taxa de mortalidade por causas externas (exclui as doenças) entre a população com 60 anos ou mais, em 2000, foi equivalente ao da faixa de adolescentes e adultos jovens, considerada de alto risco para os acidentes e violências.
Estudo baseado em dados do SUS (Sistema Único de Saúde) constatou que 92,1 idosos por grupo de 100.000 morreram por causas externas. Na faixa etária mais suscetível às mortes por essas causas, a de 15 a 29 anos, a taxa foi 96,9 por 100.000.
O trabalho -realizado no ano passado no Centro de Controle e Prevenção de Doenças, em Atlanta (EUA), pelas pesquisadoras Vilma Pinheiro Gawryszewski, Maria Helena Prado de Mello Jorge e Maria Sumie Koizumi- foi apresentado no mês passado na 7ª Conferência Mundial de Causas Externas, na Áustria.
"Se em números absolutos os idosos não chamam a atenção, o mesmo não pode ser afirmado em relação aos coeficientes", afirma o estudo, que destaca a necessidade de o país investir mais na qualidade de vida dos idosos.
A médica Vilma Pinheiro Gawryszewski, da Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo, disse que, para ela, foi uma surpresa os coeficientes apurados no trabalho. O estudo analisou 13.383 óbitos e 87.177 internações por acidentes e violências de pessoas com 60 anos ou mais.

Acidentes de trânsito
Entre as causas externas, os acidentes de trânsito foram o principal motivo das mortes dos idosos brasileiros. Foram 25,3 mortes por grupo de 100.000 pessoas, sendo que os atropelamentos foram 48,2% do total analisado de 3.676 idosos mortos no trânsito.
O estudo lista a autoconfiança do idoso como um dos motivos de mortes por causas externas. O fato de o idoso atual ter outro estilo de vida, comparado com as gerações passadas, e um comportamento mais saudável, segundo Gawryszewski, faz ele se sentir mais seguro, mas não leva em conta o fato de ter limitações de agilidade, de visão e audição, por exemplo, por mais que mantenha uma boa atividade física.

Quedas e fraturas
As quedas estão diretamente relacionadas com a redução da agilidade. Foi a terceira causa de mortes por acidentes e o que mais levou os idosos para os hospitais (56,1% dos casos analisados).
Quanto a esse tipo de acidente, chama a atenção o fato de as mulheres idosas serem mais numerosas em relação aos internamentos. É a única vez em que elas aparecem na estatística na frente dos homens. Uma explicação para isso é a osteoporose, ou seja, rarefação óssea ou atrofia do tecido esquelético. "Cabe lembrar que a osteoporose, que é considerada fator de risco para fraturas, tem maior incidência entre as mulheres e é uma doença diagnosticável, tratável e evitável, sendo que na maioria dos casos a prevenção não é dispendiosa", diz o estudo.

Demais acidentes
A segunda maior causa da morte acidental de idosos foram os "demais acidentes" (23,8 por 100.000), que inclui afogamentos, fogo e riscos à respiração.
Segundo levantamento da Organização Mundial da Saúde, o suicídio é a maior causa de morte violenta no mundo. Em 2000, foram responsáveis por cerca de metade das mortes dos idosos, enquanto os homicídios causaram um terço delas. Mas no Brasil isso não se verificou. Os homicídios foram 9,5 por 100.000 mil e os suicídios, 6,9 por 100.000.


Texto Anterior: Orçamento para desarmamento segue indefinido
Próximo Texto: Marido e mulher saem juntos para se proteger
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.