São Paulo, quarta, 1 de julho de 1998

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Célula de memória "escode' vírus e atrapalha tratamento

dos enviados especiais

A eliminação do vírus HIV do organismo é hoje pouco provável até mesmo nos pacientes que começam um tratamento potente logo após sua infecção.
A principal causa dessa nova descoberta é que a invasão das células de memória do sistema imunológico -alvo mais difícil para a atuação do coquetel contra a Aids- acontece muito mais precocemente do que se imaginava.
A revelação foi feita por Anthony Fauci, do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos EUA, um dos pesquisadores mais respeitados em todo o mundo. Fauci diz que a replicação que o vírus sofre nos primeiros dias da infecção contamina imediatamente as células de memória, que demoram muito para se dividir. O vírus se integra ao DNA da célula e fica "adormecido".
Os pesquisadores acreditavam que essas células só fossem afetadas mais tarde. Assim, pacientes que fossem tratados precocemente teriam chance de ficar livre desse compartimento de "reserva".
Roberto Siliciano, da Universidade Johns Hopkins, confirma a descoberta. As células de memória são mais difíceis de ser "atacadas" porque os remédios hoje atuam sobre o HIV em multiplicação. Como nessas células ele fica "quieto", o coquetel fica sem poder de fogo.
Ho e Fauci acreditam que devem ser usados métodos para ativar as células de memória e fazer com que o coquetel ataque os vírus adormecidos. Uma vacina que estimule o sistema de defesa ou um combinado de mediadores químicos podem ser opções.
Ho avisa que os vírus adormecidos têm potencial de voltar a atacar o organismo. Esse é o principal motivo que faz com que os pesquisadores não queiram suspender ainda o coquetel de nenhum dos pacientes em tratamento. (AB e JB)



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