MALU GASPAR
da Reportagem Local

Mais três mulheres de Mauá e Ribeirão Pires, na região do ABCD, afirmam ter engravidado mesmo tomando o anticoncepcional Microvlar. Nos três casos, a gravidez, além de indesejada, trouxe problemas financeiros, emocionais ou de saúde.
"Minha vida está por um fio". É o máximo que Roseni dos Santos Nunes, que vive em Ribeirão Pires, consegue dizer antes de começar a chorar.
Desde que seu terceiro filho, Rafael, nasceu, há onze meses, o médico havia proibido que ela engravidasse novamente, alertando que, se isso acontecesse, ela correria risco de vida.
Além de já ter passado por três cesarianas, Roseni tem um problema, ainda não identificado com precisão, que faz seu coração aumentar.
Em fevereiro, ela pediu ao médico que trocasse o anticoncepcional que tomava. O seu prontuário médico indica que ele receitou Microvlar.
"Parei de menstruar em abril e eu comecei a ficar preocupada. Quando soube da gravidez, entrei em pânico. Não sei o que fazer, pois já joguei a cartela fora", afirma.
A falta de recursos agrava o problema. Sem dinheiro para pagar uma consulta, Roseni terá de esperar até agosto, quando tem hora marcada num pronto-socorro público, para saber o que tem no coração.
Já a crise de Marli Nascimento da Silva, 28, é conjugal.
O marido, que trabalha como segurança, não se conforma com a gravidez inesperada. Marli conta que os dois brigam todos os dias. "Já pensei até em ir embora."
A cartela que ela possui é como a das outras grávidas - no lugar da data de validade, há os números 0 e 2, em sequência.
Marli comprou o medicamento na mesma farmácia que Adriana Rodrigues dos Santos, a Drogaria da Pátria, em Mauá. Adriana e as outras terão sérios problemas para sustentar os filhos. A renda familiar de cada família não passa de R$ 500.
O marido de Adriana, porteiro, depende de uma eleição que escolherá o síndico, no próximo domingo, para saber se continua no emprego. Embora tivesse desconfiado no início, ele agora acredita que ela tomou pílulas de farinha.



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