São Paulo, quinta-feira, 01 de agosto de 2002

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POLÍCIA FORA DA LEI

Para a PM, restrições oficiais ao Gradi não o impedem de "intervir em situações flagrantes de crimes"

Ação foi da tropa de choque, diz secretaria

DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Saulo de Castro Abreu Filho, voltou a se negar ontem a comentar pessoalmente as operações do Gradi da Polícia Militar. Abreu Filho só se pronuncia sobre o caso por nota oficial.
Segundo a assessoria da secretaria, quem acompanhou o sequestro do empresário N.A.F. em São Bernardo do Campo foi o serviço reservado da tropa de choque da Polícia Militar.
Segundo o delegado que preside o inquérito, Gilmar Camargo Bessa, os PMs se apresentaram como membros do Gradi e citaram o nome do tenente H., coordenador do grupo. Essa versão foi confirmada por policiais da DAS (Divisão Anti-Sequestro), que assessora delegacias na região.
Para a secretaria, o objetivo do reservado era acompanhar as investigações do sequestro, trabalhando com a Polícia Civil.
O chefe da Comunicação Social da Polícia Militar de São Paulo, tenente-coronel Eliseu Leite de Moraes, afirmou ontem que o Gradi voltou a suas funções de combate ao racismo e à discriminação, mas "pode intervir em situações flagrantes de crimes".
Moraes declarou que a atuação do Gradi no sequestro do empresário em São Bernardo do Campo, da qual ele afirmou ter apenas alguns dados, seria um desses casos. "Qualquer policial pode intervir se existe uma risco iminente à vida de uma pessoa", afirmou o tenente-coronel.
Ele negou que PMs façam investigações isoladas sobre sequestros. "Sempre trabalhamos em parceria com a Polícia Civil", disse Moraes.
O tenente-coronel contestou a afirmação de alguns policiais civis especializados em sequestro de que a PM não tem conhecimento para atuar no combate a esse crime. "Nosso serviço de inteligência é muito bem preparado para atuar nessa área", disse.
Segundo Moraes, a libertação de sete reféns, a apreensão de 80 armas e a prisão de mais de 100 pessoas pelo Gradi, desde julho do ano passado, mostram a capacidade da equipe em lidar com esse tipo de crime.
"Se surge uma denúncia, uma informação de colaboradores ou de escuta telefônica, a PM tem de intervir rápido. Não há problema nenhum nisso", afirmou o oficial. Para ele, "quem perdeu com a atuação do Gradi foi o crime organizado". Ele salientou que a proibição do comando da PM é em relação à infiltração de presos condenados em quadrilhas.
Moraes também informou que a PM abriu um inquérito para apurar denúncia de suposta tortura de dois presos pelo Gradi, em março. Os detentos, infiltrados em uma quadrilha pela PM, fugiram durante uma operação, sendo recapturados no dia seguinte.



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